Feminicídio no Bosque dos Buritis expõe falhas na proteção a mulheres em situação de vulnerabilidade em Goiânia
Vítima, que prestava serviços à prefeitura como parte do cumprimento de pena, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, também egresso do sistema prisional; agressor foi capturado pela Rotam minutos após o crime.

Uma mulher foi assassinada a facadas na tarde desta terça-feira (18) dentro do Bosque dos Buritis, um dos principais espaços públicos de Goiânia, em um episódio que reacende o debate sobre a vulnerabilidade de mulheres que convivem com ex-companheiros violentos e a insuficiência dos mecanismos de proteção. O crime ocorreu em frente ao Centro Livre de Artes (CLA), local de grande circulação, o que intensificou a alerta das autoridades sobre a ousadia e a brutalidade do agressor.
De acordo com a Polícia Militar, a vítima e o autor eram egressos do sistema prisional. Ela cumpria pena em regime de prestação de serviços à Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), enquanto o ex-companheiro estava em liberdade monitorada por tornozeleira eletrônica — o que permitirá à investigação rastrear seus deslocamentos imediatamente antes e depois do crime.
A motivação exata ainda está em apuração, mas os primeiros relatos indicam que o ataque foi direcionado e sem sinais de discussão prévia, caracterizando um homicídio por motivação pessoal, com indícios de feminicídio, segundo investigadores. Testemunhas relataram que a agressão foi rápida e silenciosa, agravada pela impossibilidade de defesa da vítima, que não resistiu aos ferimentos.
Captura rápida do suspeito
Militares das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) localizaram e prenderam o agressor na região central de Goiânia poucos minutos após o crime. A corporação informou que utilizou informações de populares e a rota registrada pela tornozeleira eletrônica para cercar o suspeito com precisão, evitando possível fuga para outras áreas da cidade.
O homem foi levado para a delegacia responsável por investigações de crimes contra a vida, onde deve ser autuado por feminicídio qualificado, além de agravantes relacionados ao descumprimento das condições impostas pela Justiça.
As identidades da vítima e do autor ainda não foram divulgadas oficialmente, e a Polícia Civil aguarda autorização judicial e notificação dos familiares para torná-las públicas.
Fragilidades expostas
O caso traz à superfície um conjunto de falhas estruturais:
— a insuficiência de proteção a mulheres que mantêm vínculos anteriores com agressores reincidentes;
— a ausência de medidas protetivas específicas para pessoas em situação de semiliberdade ou prestação de serviços;
— e a dificuldade de monitoramento efetivo de indivíduos em liberdade condicionada.
Especialistas consultados por equipes de segurança apontam que, embora a tornozeleira eletrônica permita rastreamento, o dispositivo não funciona como barreira preventiva quando não há informação prévia sobre risco iminente envolvendo a vítima.
Assim, o crime coloca em debate a necessidade de integração entre Justiça, segurança pública e órgãos municipais que administram programas de penas alternativas, ampliando protocolos de proteção para mulheres expostas ao convívio ou à proximidade de ex-companheiros violentos.
As investigações seguem em andamento, com coleta de imagens de câmeras públicas, análise da rota monitorada do agressor e oitivas de testemunhas presentes no Bosque dos Buritis. A matéria será atualizada conforme novas informações forem confirmadas pelas autoridades.
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