Ex-secretário de Saúde de Goiânia e investigados na Operação Comorbidade deixam a prisão
Wilson Pollara e outros dois ex-gestores da Secretaria Municipal de Saúde são liberados após detenção relacionada a suspeitas de desvios milionários envolvendo a Fundahc.

O ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi liberado da prisão nas primeiras horas deste sábado (7). Junto a ele, também deixaram a Casa do Albergado, no Jardim Europa, o ex-secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique, e o ex-diretor financeiro do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo.
A prisão dos três, ocorrida em 27 de novembro, foi parte da Operação Comorbidade, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). A ação investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos, envolvendo contratos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc).
Acusações e investigação
De acordo com o MP-GO, há indícios de que o trio tenha usado a gestão financeira da Fundahc para desviar verbas públicas, beneficiando-se pessoalmente e favorecendo terceiros. O débito milionário da SMS com a fundação é o centro das apurações.
Inicialmente, a prisão temporária estava prevista para durar até 1º de dezembro, mas foi prorrogada por mais cinco dias a pedido do MP-GO. Apesar das acusações, até o momento, o órgão não solicitou a conversão da detenção em prisão preventiva.
Defesa de Pollara alega inocência e saúde debilitada
A defesa de Wilson Pollara emitiu uma nota reafirmando a confiança na absolvição do ex-secretário.
“Estamos certos de que conseguiremos comprovar a inocência de nosso cliente. No momento, o foco principal é garantir assistência médica para tratar de um câncer no rim, diagnosticado durante sua internação hospitalar nesta semana.”
Pollara, que foi secretário de Saúde de Goiânia, já havia ocupado cargos de destaque na gestão pública, incluindo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
Contexto e próximos passos
A Operação Comorbidade trouxe à tona preocupações sobre a gestão dos recursos públicos na saúde municipal. A Fundahc, criada para auxiliar na administração do Hospital das Clínicas, tornou-se o centro de uma disputa jurídica e política devido aos indícios de desvios de verbas.
A saída do trio da prisão não significa o fim das investigações. O MP-GO segue analisando documentos e movimentações financeiras, enquanto os acusados deverão responder às acusações em liberdade.
Por ora, a Justiça não determinou medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica ou restrições de movimentação. Entretanto, a continuidade do caso poderá trazer novos desdobramentos, incluindo a possível formulação de denúncias formais contra os investigados.
Impacto no cenário político-administrativo
A operação intensifica os debates sobre transparência e responsabilidade na gestão de recursos públicos em Goiânia, especialmente na saúde, uma área historicamente sensível. A população aguarda por respostas concretas e ações que reforcem a confiança nas instituições e no uso adequado do dinheiro público.
Enquanto isso, a Prefeitura de Goiânia e a SMS não se manifestaram publicamente sobre o caso, gerando questionamentos sobre medidas preventivas adotadas para evitar novos casos de corrupção no setor.
Nota da defesa de Wilson Pollara
A defesa de Wilson Pollara informa que seu cliente se encontra em liberdade desde a madrugada deste sábado (07), tendo em vista que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) concluiu que não havia motivos para conversão da prisão temporária em prisão preventiva.
A partir de agora, a defesa irá acompanhar o desenrolar das investigações por parte do órgão ministerial, que poderá ou não ofertar denúncia contra Pollara, resultando eventualmente na instauração de uma ação penal pública.
O objetivo da defesa é que Pollara não seja denunciado, pois não há provas de materialidade delitiva por parte do cliente. Pollara não apenas não praticou qualquer tipo de crime à frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), como, ao contrário, veio à Goiânia para tentar contribuir para a melhoria da atuação do órgão.
Com mais de 50 anos de carreira, mestrado e doutorado em clínica cirúrgica pela Universidade de São Paulo (USP) e uma gestão à frente da Secretaria Municipal de Saúde que se tornou sinônimo de eficiência, onde conseguiu zerar a fila de espera por exames, Pollara foi convidado para assumir a SMS, no ano passado, e colaborar para sanar os problemas da saúde em Goiânia.
Em todos os depoimentos das testemunhas ouvidas pelo MP-GO fica claro que a crise da dívida da SMS com prestadores de serviço e fornecedores já existia antes da vinda de Pollara, desde a gestão anterior do órgão, e que jamais houve qualquer tipo de prática ilegal, como suborno e propina, por parte do cliente.
Ao tentar solucionar os problemas da saúde em Goiânia, Pollara acabou perseguido e injustiçado. A defesa está certa de que irá conseguir comprovar a inocência de seu cliente que, neste momento, tem como foco principal buscar assistência médica para tratar de um câncer no rim, detectado durante a internação hospitalar nesta semana.
Thiago M. Peres OAB/SP 257.761 OAB/GO 70.310
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