Esquema de fraude fiscal em Goiás: 73 empresas simulavam produção de ração animal, aponta investigação
Golpe, que envolvia emissão de notas fiscais frias, causou prejuízo superior a R$ 500 milhões aos cofres públicos. Empresas em Goiânia, Jataí e Rio Verde estão no centro das investigações.
Um esquema audacioso de fraude fiscal, que simulava a produção de ração animal para obter benefícios tributários, foi desmascarado pela Secretaria Estadual da Economia de Goiás. A investigação identificou 73 empresas envolvidas no golpe, concentradas principalmente nas cidades de Goiânia, Jataí e Rio Verde. O prejuízo estimado aos cofres do estado ultrapassa a marca de R$ 500 milhões.
Segundo a superintendente Gabriela Vitorino, as empresas investigadas “nunca fabricaram um grão de ração”. As apurações revelaram que os suspeitos utilizavam notas fiscais frias e movimentações fictícias para se enquadrarem em regimes tributários que concedem isenção de ICMS, benefício direcionado exclusivamente a empresas do setor de ração animal que atuam regularmente.
Como funcionava o esquema
O golpe consistia na simulação de produção e comercialização de ração animal, com a emissão de notas fiscais falsas que comprovavam, no papel, a fabricação e venda do produto. Esse artifício permitia que as empresas se aproveitassem das isenções fiscais previstas em lei, sem de fato produzir nada.
De acordo com a investigação, o esquema era articulado de forma organizada, com empresas atuando como fornecedores, fabricantes e distribuidores fictícios. “O objetivo era criar um ciclo completo de notas fiscais falsas, dificultando a detecção pela fiscalização”, explicou Gabriela Vitorino.
Além disso, as empresas utilizavam terceiros como “laranjas” para ocultar os verdadeiros beneficiários do esquema e dificultar o rastreamento do dinheiro desviado.
Pontos de operação e impacto no estado
Os polos principais das operações fraudulentas estavam em Goiânia, Jataí e Rio Verde, cidades que são referências no setor agropecuário em Goiás. A escolha dessas localidades foi estratégica, pois permitia que as empresas se inserissem no mercado como produtoras legítimas, aumentando a credibilidade do esquema.
O impacto do golpe vai além dos prejuízos financeiros. Segundo a Secretaria Estadual da Economia, a fraude distorceu a concorrência no mercado, prejudicando empresas que atuam de maneira regular. Além disso, os recursos desviados poderiam ter sido utilizados para investimentos em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Próximos passos da investigação
A operação, que ainda está em andamento, já resultou na apreensão de documentos, computadores e registros contábeis durante buscas realizadas em diversas localidades do estado. Empresas e indivíduos envolvidos podem responder por fraude tributária, formação de organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
O governo estadual informou que intensificará a fiscalização sobre o setor, revisando os critérios para concessão de isenções fiscais. “Fraudes como essa comprometem a confiança em incentivos legítimos, fundamentais para o desenvolvimento econômico do estado”, destacou Gabriela Vitorino.
Fraude tributária no Brasil: um desafio nacional
Casos como este reforçam um problema estrutural enfrentado em todo o país. Especialistas apontam que a falta de fiscalização eficiente e a complexidade do sistema tributário brasileiro criam brechas para golpes semelhantes.
Em Goiás, a Secretaria da Economia tem adotado ferramentas de cruzamento de dados e análise de inteligência fiscal para identificar irregularidades. “É um trabalho minucioso, mas essencial para proteger o patrimônio público”, afirmou a superintendente.
Tags: #FraudeFiscal #Economia #Goiás #Agronegócio #ICMS