Equipe de enfermagem da Maternidade Célia Câmara entra em greve por salários atrasados e direitos trabalhistas
Profissionais denunciam falta de pagamento de salários, 13º, férias e vale-alimentação; atendimento às gestantes é afetado
A equipe de enfermagem da Maternidade Célia Câmara, uma das principais referências no atendimento materno-infantil em Goiânia, paralisou suas atividades nesta segunda-feira (16), em protesto contra atrasos recorrentes no pagamento de salários, 13º, férias e vale-alimentação. A decisão da greve foi confirmada após esgotadas as tentativas de negociação com a Prefeitura de Goiânia e a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC), responsável pela gestão da unidade.
A maternidade, localizada na capital goiana, atende centenas de gestantes por mês, oferecendo serviços essenciais como pré-natal, partos e cuidados neonatais. No entanto, os profissionais de enfermagem relatam que a falta de pagamento tem se tornado insustentável, afetando tanto a qualidade de vida dos trabalhadores quanto a prestação de serviços às mães e bebês.
Desgaste e precariedade
Os trabalhadores denunciam que estão há meses enfrentando atrasos nos salários, além de não terem recebido o 13º salário e as férias devidas. O vale-alimentação, um benefício fundamental para muitos desses profissionais, também está em atraso.
“Nós estamos cansados de promessas vazias. Trabalhamos em um ambiente de alta demanda, cuidando de vidas, e não temos nem o básico garantido. Muitos colegas estão acumulando dívidas e passando por dificuldades para manter suas famílias”, desabafou uma técnica de enfermagem que preferiu não se identificar.
Impactos no atendimento
Com a greve, o funcionamento da maternidade foi afetado, principalmente nos serviços de enfermagem. Emergências e casos considerados de alta gravidade continuam sendo atendidos, mas procedimentos eletivos e rotineiros estão sendo comprometidos.
As gestantes que compareceram à unidade nesta terça-feira demonstraram preocupação com a situação. “Vim para o acompanhamento pré-natal e encontrei tudo parado. Entendo os profissionais, porque eles também precisam receber, mas fico apreensiva com a falta de atendimento”, disse a paciente Ana Paula Souza, de 32 anos.
Prefeitura e FUNDAHC em silêncio
Até o momento, nem a Prefeitura de Goiânia nem a FUNDAHC apresentaram uma solução concreta para o pagamento dos atrasados. Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura limitou-se a afirmar que “busca meios para regularizar a situação o mais breve possível”, sem estipular um prazo para quitação das dívidas.
A FUNDAHC, por sua vez, não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os motivos dos atrasos e quais medidas estão sendo adotadas para evitar novos prejuízos aos profissionais e pacientes.
Reivindicações e mobilização
A greve foi organizada com apoio de sindicatos e associações de classe que defendem os direitos dos trabalhadores da saúde. A pauta dos enfermeiros e técnicos inclui:
- Pagamento imediato dos salários atrasados;
- Quitação do 13º salário;
- Regularização das férias acumuladas;
- Retomada do vale-alimentação.
Os profissionais afirmam que permanecerão mobilizados até que suas demandas sejam atendidas. Uma nova assembleia está marcada para o final da semana, quando a categoria avaliará os próximos passos da paralisação.
Crise na saúde pública
A situação da Maternidade Célia Câmara reflete uma crise maior na saúde pública municipal, marcada por falta de investimentos, gestão ineficiente e precarização dos trabalhadores. A unidade, que deveria ser um modelo no cuidado materno-infantil, tem sofrido com a falta de recursos e a sobrecarga de profissionais.
Especialistas alertam que greves como essa são resultado direto da falta de valorização dos trabalhadores da saúde. “Esses profissionais estão na linha de frente, garantindo um serviço essencial à população. Não pagar seus salários e direitos mínimos é, no mínimo, um descaso”, pontuou a socióloga Juliana Azevedo, pesquisadora de políticas públicas de saúde.
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