Dezembro Vermelho: O pré-natal do parceiro como chave para prevenir ISTs e proteger mãe e bebê
A transmissão do HIV e de outras ISTs pode ocorrer na gestação; especialistas enfatizam a importância do envolvimento do parceiro e de ações preventivas

A campanha Dezembro Vermelho reforça anualmente a conscientização sobre HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Dentro desse contexto, especialistas da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) destacam a relevância do pré-natal não só para a gestante, mas também para o parceiro, como uma estratégia essencial de proteção contra a transmissão do HIV e outras ISTs , especialmente da mãe para o filho.
A importância do pré-natal do parceiro
De acordo com o ginecologista e membro da FEBRASGO, Dr. Régis Kreitchmann , a realização de exames no parceiro durante o pré-natal permite identificar precocemente condições de risco. “Se o parceiro for informado como soropositivo, medidas podem ser adotadas para torná-lo indetectável, evitando a transmissão para a gestante e, consequentemente, protegendo o bebê”, explica.
Além disso, o médico enfatiza o uso de profilaxias pré e pós-exposição (PrEP e PEP) como métodos eficazes para prevenir a infecção pelo HIV, tanto no contexto gestacional quanto em situações de risco. A PrEP, por exemplo, pode ser recomendada para mulheres em relacionamentos sorodiferentes (quando um dos parceiros é HIV positivo).
Amamentação e transmissão do HIV: um dilema de segurança
Embora o aleitamento materno seja incentivado como prática essencial, para mulheres que vivem com HIV, ele continua sendo um risco. A FEBRASGO e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento artificial nesses casos, utilizando fórmulas infantis, para evitar qualquer possibilidade de transmissão.
“Ainda que estudos demonstrem menor risco de transmissão em gestantes com carga viral indetectável, a amamentação pode comprometer os avanços obtidos com o tratamento antirretroviral”, ressalta o Dr. Em casos raros, a amamentação pode ser considerada sob supervisão rigorosa, mas, de forma geral, o leitamento artificial permanece a recomendação principal.
Parto seguro e acompanhamento do bebê
O tipo de parto também depende diretamente da carga viral da gestante. Mulheres com carga viral abaixo do esperado podem optar pelo parto normal, enquanto aquelas com carga acima desse nível são indicadas para cesariana agendada, com uso de medicamentos como AZT durante o procedimento.
Após o nascimento, o bebê passa por testes rigorosos nas primeiras 24 horas e aos 1 e 4 meses de vida. Resultados negativos nesses exames confirmam que o recém-nascido está livre do vírus.
Rede de apoio e enfrentamento do estigma
Além do cuidado clínico, o suporte emocional e social é crucial para famílias afetadas pelo HIV. Organizações como o Projeto Criança Aids oferecem acolhimento e ajuda mães a lidar com o diagnóstico e os desafios emocionais da transmissão vertical.
“Ao oferecer um espaço seguro, promovemos a adesão ao tratamento e ajudamos a superar o estigma, fortalecendo essas famílias em momentos tão delicados”, afirma Adriana Galvão Ferrazini, presidente da ONG.
Prevenção: uma responsabilidade compartilhada
O pré-natal do parceiro e o uso de medidas como PrEP e PEP demonstram que a prevenção das ISTs e do HIV exige um esforço conjunto, envolvendo não apenas a gestante, mas também o parceiro, os profissionais de saúde e a sociedade.
Dezembro Vermelho nos lembra que a luta contra o HIV vai além de campanhas: é sobre conscientização, acolhimento e ações práticas para garantir uma vida saudável para mães e bebês.
Tags: #DezembroVermelho #PrevençãoHIV #SaúdeDaGestante #PrEP #ProteçãoDaGestação