5 de dezembro de 2025
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Desmascarando a Indústria do Tabaco: OMS Alerta para Estratégias de Sedução de Jovens

No Dia Mundial Sem Tabaco 2025, especialistas destacam táticas da indústria para atrair novos consumidores e os riscos associados ao uso de produtos de nicotina
A pneumologista Daniela Campos destaca que a indústria do cigarro sempre se reeinventa para atrair novos usuários. Arquivo pessoal

No dia 31 de maio, quando se celebra o Dia Mundial Sem Tabaco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) joga luz sobre um dos embates mais traiçoeiros da saúde pública contemporânea: a reinvenção da indústria do tabaco. Com o tema “Desmascarando a indústria do tabaco: expondo as táticas das empresas para deixar os produtos de tabaco e nicotina mais atrativos”, a campanha de 2025 revela uma realidade alarmante — a indústria não recuou, apenas mudou de roupa.

O foco agora está na sedução sutil, nas redes sociais, nos aromas frutados e na estética tecnológica dos dispositivos. A meta: recrutar adolescentes, formar uma nova geração de dependentes antes mesmo que eles compreendam os riscos.


“Não é cigarro, é só vapor”: o engano disfarçado

A médica pneumologista Daniela Campos, especialista em doenças respiratórias e atuante em Goiânia, aponta que o discurso da indústria evoluiu, mas a essência continua perigosa.

“Com o declínio do consumo tradicional, a indústria do tabaco passou a investir pesado em produtos com apelo visual e sensorial, como o narguilé e o cigarro eletrônico. Esses dispositivos foram apresentados como ‘alternativas seguras’, mas essa é uma falsa promessa”, afirma.

Segundo a médica, muitos adolescentes começam a experimentar os chamados vapes como se fossem inofensivos — por serem discretos, coloridos e perfumados — mas acabam rapidamente dependentes.

“A nicotina está ali, e é isso que causa a dependência química. Com o cérebro em desenvolvimento, esses jovens têm mais risco de vício e mais dificuldade de largar”, explica Daniela.


O marketing invisível e o retrocesso nas telas

Um estudo recente do Tobacco Free Kids, em parceria com a OMS, mostra que a exposição ao cigarro em streamings, videoclipes e influenciadores digitais aumentou nos últimos cinco anos. A legislação brasileira proíbe publicidade direta de cigarros, mas a publicidade velada, especialmente nos meios digitais, não encontra barreiras eficazes.

A pneumologista reforça: “Estamos vivendo um retrocesso. O cigarro voltou a aparecer em novelas, filmes e plataformas sociais. Isso não é coincidência — é estratégia de reposicionamento de mercado”.


Aromas doces, danos reais

Os sabores doces dos cigarros eletrônicos têm sido a principal isca. “Cereja, algodão-doce, menta, chocolate… O cheiro não incomoda como o do cigarro comum. Por isso, eles passam despercebidos em ambientes fechados e locais de lazer”, afirma Daniela.

O problema é que, mesmo sendo ‘invisíveis’, os aerossóis dos vapes contêm nicotina e substâncias tóxicas. Um levantamento da FDA (agência reguladora dos EUA) identificou metais pesados, partículas ultrafinas e solventes no vapor inalado.


Números que preocupam

  • Segundo a OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano.
  • No Brasil, o número de adolescentes entre 13 e 17 anos que já experimentaram cigarro eletrônico dobrou entre 2019 e 2023 (Pesquisa PeNSE/IBGE).
  • Mais de 60% dos jovens que iniciam com cigarro eletrônico acabam migrando para o cigarro convencional, aponta estudo da Universidade Johns Hopkins.

O papel da sociedade e do Estado

Para Daniela, a luta contra o fumo precisa ser tripla: educacional, legislativa e cultural.

“Temos que proteger nossas crianças e adolescentes. Isso exige regras mais rígidas para as plataformas digitais, maior fiscalização do comércio ilegal e educação constante nas escolas e em casa”, defende.

Além disso, a especialista propõe que a sociedade exija transparência das plataformas digitais e proibição de qualquer tipo de exposição glamourosa ao fumo, mesmo que indireta.


Um dia para refletir — e resistir

No Dia Mundial Sem Tabaco, a OMS propõe que fumantes tentem passar 24 horas sem consumir. Pode parecer simples, mas essa experiência revela o grau de dependência.

Mais do que um marco simbólico, a data é um lembrete: o cigarro, eletrônico ou não, ainda é uma ameaça silenciosa — e lucrativa — disfarçada de estilo de vida.

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Marcus

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