8 de dezembro de 2025
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Deputado Amauri Ribeiro critica exposição sobre religiões afro-brasileiras na Alego e causa reação de entidades religiosas

Parlamentar associou obras inspiradas em umbanda e candomblé à “adoração ao demônio”; mostra, realizada no saguão da Assembleia Legislativa de Goiás, celebra a diversidade religiosa e denuncia o preconceito contra tradições de matriz africana.
Presidente da Alego, o deputado Bruno Peixoto, disse respeitar toda e qualquer religião, e que não cabe a ele concordar ou discordar das diferentes da dele.

O deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) provocou intensa repercussão ao criticar publicamente uma exposição de arte inspirada em religiões de matriz africana, instalada no saguão da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em Goiânia. Em vídeo divulgado nas redes sociais na quarta-feira (5), o parlamentar associou as obras à “adoração ao demônio”, declaração que gerou reação de representantes do movimento negro e de entidades de liberdade religiosa.

Segundo Amauri, ao chegar ao prédio da Assembleia, ele se deparou com “imagens de tranca-rua, pomba-gira, exu, com cabeça de vaca, vela e oferenda”. O deputado afirmou respeitar outras crenças, mas alegou que “religião é aquela que tem ligação com um único Deus”. Em trecho do vídeo, ele também disse não se surpreender com o fato de a mostra ter sido apoiada por um parlamentar do Partido dos Trabalhadores (PT):

“Eu não tenho preconceito a quase nada, mas oferendas e adoração ao demônio eu tenho, sim”, declarou o deputado.

Procurada pela reportagem, a assessoria do parlamentar não havia se manifestado até o fechamento desta matéria.


A exposição: celebração da cultura e combate à intolerância

A mostra, intitulada “O Olho de Vidro sobre o Sagrado Vivo”, está em cartaz até 18 de novembro e reúne trabalhos de dez artistas do Coletivo Onã, grupo formado por jovens ligados ao terreiro Morada do Cruzeiro, espaço religioso dedicado ao culto aos orixás.

Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Alego, a exposição foi aberta oficialmente na noite de terça-feira (5) no Palácio Maguito Vilela e contou com apresentações culturais, rezas e cânticos tradicionais da umbanda e do candomblé. O evento é gratuito e aberto ao público.

A curadora e artista Laís Rocha, integrante do coletivo, explicou que o objetivo da mostra é promover educação cultural e religiosa, evidenciando a riqueza simbólica e espiritual das tradições afro-brasileiras, além de denunciar o racismo religioso ainda presente na sociedade.

“Nosso trabalho é um convite à reflexão sobre o sagrado. Não se trata de proselitismo, e sim de reconhecimento e respeito à diversidade de fé que forma o Brasil”, afirmou Laís, em nota enviada à Assembleia.


Posição da Alego e o debate sobre o espaço público

De acordo com a Alego, a iniciativa foi apoiada pelo deputado Mauro Rubem (PT), que destacou o papel da Casa como espaço plural e democrático.

“A Assembleia é o lugar do povo, de todas as crenças e origens. É um dever institucional abrir espaço para expressões culturais que promovam respeito, diversidade e liberdade de fé”, afirmou o parlamentar.

A instituição reforçou que o saguão do Palácio Maguito Vilela é frequentemente utilizado para exposições artísticas e culturais de diferentes vertentes, inclusive com temática cristã, indígena e laica, sem distinção religiosa.


Contexto e repercussão

Especialistas em direitos humanos e representantes do movimento afro-brasileiro destacaram que falas como a do deputado reforçam estigmas históricos e configuram intolerância religiosa, prática criminalizada pela legislação brasileira desde 1989 (Lei nº 7.716).

Em Goiás, o Ministério Público e a Comissão de Igualdade Racial da OAB-GO têm atuado em campanhas educativas e em processos que buscam garantir o respeito às religiões de matriz africana, frequentemente alvo de ataques e desinformação.

Entidades ligadas ao candomblé e à umbanda anunciaram que devem solicitar retratação pública do deputado, ressaltando que manifestações de fé afro-brasileiras integram o patrimônio cultural e espiritual do país, reconhecido pela Constituição Federal e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


Com a exposição mantida e aberta à visitação, a Alego reafirma seu compromisso com a diversidade cultural, o diálogo inter-religioso e a valorização das expressões afro-brasileiras, reforçando que o espaço legislativo é também um ambiente de convivência democrática e respeito mútuo.

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Marcus

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