12 de dezembro de 2024
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Confusão em maternidade de Goiânia expõe crise na saúde: servidores presos após tumulto durante troca de plantão

Caso ocorreu no Hospital da Mulher e Maternidade Célia Câmara e envolveu demora no atendimento a uma gestante, ação da PM e reações dos profissionais de saúde.
Profissionais de saúde são imobilizados e presos por PMs em maternidade (Reprodução)

Uma situação de conflito e violência na noite desta sexta-feira (6) no Hospital da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), em Goiânia, chamou atenção e gerou debate nas redes sociais. O caso, que começou com a demora no atendimento a uma gestante, terminou com a prisão de dois profissionais de saúde pela Polícia Militar (PM), que teria agido de forma considerada desproporcional por testemunhas e entidades sindicais.

O que aconteceu?

O tumulto começou quando uma gestante chegou ao hospital durante a troca de plantão. Classificada como ficha verde – ou seja, sem risco imediato de vida – no protocolo de triagem, ela aguardava atendimento. O marido, insatisfeito com a espera, acionou um assessor de um vereador local, que foi até o local, iniciou filmagens e chamou a Polícia Militar.

Quando os policiais chegaram, relatos do SindSaúde-GO afirmam que eles ignoraram os protocolos da unidade, exigindo que a paciente fosse atendida fora da ordem prevista.

O confronto

Vídeos que circulam nas redes mostram o momento em que policiais mobilizam um trabalhador, apontado como maqueiro do hospital, no chão. Segundo testemunhas, o maqueiro teria tentado defender uma enfermeira que estava sendo coagida pelos policiais.

O tumulto escalou com protestos de outros profissionais da unidade. “Estamos sem receber, enfrentando condições precárias e ainda somos tratados com violência”, afirmou uma trabalhadora em um vídeo.

Dois servidores foram presos e levados para a delegacia por desobediência e resistência, segundo a PM.


Posicionamento das partes

Hospital e Fundahc

O HMMCC afirmou que segue rigorosos protocolos de classificação de risco, priorizando os casos mais graves. A direção lamentou o que chamou de “conduta ofensiva da Polícia Militar” e anunciou que a Fundahc/UFG, gestora da unidade, acionou uma advogada criminalista para acompanhar o caso.

A Fundahc enfrenta atrasos nos pagamentos de prestadores de serviço, uma das razões apontadas para a precariedade das condições de trabalho no hospital. O problema está sob investigação do Ministério Público de Goiás na Operação Comorbidade, que apura irregularidades na gestão da saúde municipal.

SindSaúde-GO

O sindicato classificou as imagens como “chocantes” e “inadmissíveis”, destacando a sobrecarga de trabalho, atrasos salariais e a falta de insumos enfrentada pelos trabalhadores da saúde. A entidade ofereceu apoio jurídico aos profissionais envolvidos e reforçou a necessidade de segurança e condições dignas de trabalho.

Polícia Militar

Em nota, a PM alegou que foi acionada para atender uma ocorrência de possível omissão de socorro e justificou a prisão dos servidores por desobediência e resistência. A corporação afirmou que a ocorrência está sob análise da autoridade competente.


Crise na saúde em destaque

O caso escancara problemas estruturais no sistema público de saúde de Goiânia, especialmente na maternidade Célia Câmara, que atende um alto volume de pacientes sob condições desafiadoras. A unidade enfrenta denúncias recorrentes de atrasos salariais, falta de insumos e superlotação, cenário que agrava tensões e aumenta a pressão sobre os profissionais.


O incidente levanta questões sobre:

  • A interpretação e aplicação dos protocolos de saúde;
  • O papel das forças de segurança em ambientes hospitalares;
  • A valorização dos profissionais da saúde em cenários de crise.

Autoridades devem apurar o caso com celeridade, garantindo justiça e medidas que previnam novas ocorrências. A comunidade espera não só respostas imediatas, mas também soluções duradouras para os desafios do sistema de saúde.

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