Comércio varejista goiano desafia cenário nacional e cresce pelo 16º mês consecutivo

O comércio varejista de Goiás segue desafiando incertezas macroeconômicas e reafirma seu protagonismo na recuperação econômica do país. Dados divulgados nesta quinta-feira (15) pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, mostram que o setor registrou um crescimento acumulado de 3,6% nos 12 meses encerrados em março de 2025 — desempenho superior à média nacional, que ficou em 3,1% no mesmo período.

Esse resultado coloca Goiás como referência entre as unidades da Federação, principalmente pela robustez da trajetória de crescimento: são 16 meses consecutivos de alta interanual, um feito inédito desde a reformulação metodológica da pesquisa, em 2000.

De acordo com o levantamento, os principais responsáveis por esse desempenho vigoroso foram:

• Livros, jornais, revistas e papelaria: crescimento expressivo de 13,3%, possivelmente impulsionado pelo calendário educacional e políticas de incentivo à leitura;
• Eletrodomésticos: alta de 12,5%, refletindo aquecimento nas vendas de bens duráveis e aumento do crédito ao consumidor;
• Produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e cosméticos: crescimento de 8,5%, consolidando a força do setor de saúde e bem-estar no consumo das famílias.

Esses dados foram compilados pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), órgão vinculado à Secretaria-Geral de Governo de Goiás, que analisou as informações brutas da PMC.

Na variação mensal com ajuste sazonal (março de 2025 frente a fevereiro), Goiás também se destacou nacionalmente com avanço de 2,4%, o segundo maior entre os estados. A média nacional ficou em 0,8%, segundo o IBGE. “O comércio goiano mostra musculatura para crescer em ritmo acima da média nacional, mesmo com o país enfrentando juros elevados e pressão inflacionária em alguns segmentos”, analisou Ana Paula Almeida, economista do IMB.

O setor de varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, cresceu 7% em 12 meses, apoiado sobretudo pela impressionante alta de 19,2% nas vendas de veículos, motocicletas, partes e peças. Este setor específico tem sido beneficiado por melhorias no acesso ao crédito e campanhas comerciais mais agressivas por parte de montadoras e concessionárias.

Em entrevista ao portal oficial do Governo de Goiás, o secretário-geral Adriano da Rocha Lima avaliou que o desempenho consistente sinaliza um ambiente econômico mais confiante:

“Essa sequência histórica de crescimento reflete a força da economia local e a confiança do consumidor goiano. É um sinal claro de recuperação sustentada e da eficácia das políticas públicas de incentivo à atividade produtiva.”

A Pesquisa Mensal de Comércio, realizada pelo IBGE, é uma das principais fontes para análise conjuntural da economia brasileira. Ela investiga o desempenho do comércio varejista a partir da receita bruta das empresas com 20 ou mais empregados e que têm o comércio como atividade principal. Os dados são base para decisões governamentais, estratégias empresariais e políticas de crédito.

O desempenho do comércio em Goiás indica um ciclo virtuoso de crescimento. A combinação entre melhora no consumo, recuperação do poder de compra, desburocratização de negócios e incentivo à inovação — como a recente regulamentação estadual da Inteligência Artificial — projeta um cenário ainda mais positivo para o segundo semestre.

Apesar de desafios externos como o dólar instável e o comportamento dos juros federais, o setor varejista goiano demonstra resiliência, criatividade e capacidade de adaptação, colocando o estado em posição de destaque no cenário econômico nacional.

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