Carros de Luxo e Cocaína: Polícia Civil Bloqueia R$ 5 Milhões de Grupo Criminoso em Goiânia
Operação Car Wash investiga associação que usava leilões para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Líder foi preso com drogas em casa; 30 veículos e um imóvel foram adquiridos com recursos ilícitos.

A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta quinta-feira (10) uma operação cirúrgica e silenciosa contra uma sofisticada rede criminosa que lavava dinheiro do tráfico de cocaína por meio da aquisição e revenda de veículos de luxo. Batizada de “Operação Car Wash”, a ação é coordenada pela Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) e resultou no bloqueio de R$ 5 milhões em bens, incluindo imóveis e automóveis de alto padrão.
Segundo o delegado Francisco Costa, o líder da organização foi preso em flagrante em sua residência, onde os agentes encontraram porções de drogas e outros indícios de atividade ilícita. A investigação aponta que o grupo, formado por cinco pessoas, era responsável por esquemas de lavagem de dinheiro provenientes da venda de cocaína em Goiânia e municípios vizinhos.
De tráfico a patrimônio de fachada
As investigações tiveram início em 2023, com a prisão de um casal que abastecia traficantes de pequeno e médio porte com cocaína pura. Na ocasião, a polícia apreendeu 3 quilos da droga, uma arma de fogo escondida no forro do teto da casa, e R$ 35 mil em espécie. A partir desse flagrante, foi desvendada uma teia de movimentações financeiras e aquisições suspeitas.
Nos últimos dois anos, o casal e seus comparsas adquiriram cerca de 30 veículos, incluindo modelos de luxo como BMW, Audi e Mercedes-Benz, muitos deles arrematados em leilões judiciais. Para driblar a fiscalização, os bens eram registrados em nome de parentes e amigos, que agora também estão na mira da Justiça.
Sequestro de bens e bloqueios milionários
A ofensiva policial contou com o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão domiciliar, além de decisões judiciais que autorizaram o sequestro de sete veículos e um imóvel — avaliados em R$ 2 milhões — e o bloqueio de R$ 3 milhões em contas bancárias vinculadas aos investigados.
“O grupo usava a fachada de negócios legítimos, como a compra e revenda de automóveis, para escoar e reinserir o dinheiro do tráfico no mercado formal”, explicou o delegado Francisco Costa. “Foi uma investigação minuciosa que exigiu análise financeira, inteligência policial e articulação com o Judiciário”, acrescentou.
Tráfico de alta escala
De acordo com o Denarc, o volume de cocaína comercializado pela quadrilha abastecia, de forma regular, redes inteiras de microtraficantes na capital e em cidades como Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo. A operação revelou ainda que parte dos recursos era destinada à compra de imóveis em regiões de alto padrão, os quais também eram registrados em nomes de laranjas.
Investigação em curso
Embora o chefe do grupo esteja preso, os outros quatro suspeitos permanecem sob investigação e podem ser presos a qualquer momento, informou a Polícia Civil. O processo corre sob sigilo, mas a expectativa é que novas fases da operação sejam deflagradas nas próximas semanas.
A ação revela mais um capítulo do uso de artifícios de luxo e aparência de legalidade para ocultar o dinheiro do crime — um padrão que se repete em diversos estados, exigindo das autoridades sofisticação técnica e cooperação interinstitucional para desmantelar estruturas cada vez mais complexas.
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