Câmara de Goiânia analisa proposta de gratuidade no transporte coletivo aos domingos e feriados

Requerimento “Domingão Tarifa Zero” sugere ampliar mobilidade da população de baixa renda e incentivar o uso do sistema em períodos de menor demanda

A Câmara Municipal de Goiânia recebeu nesta terça-feira (23) um requerimento que propõe a criação de um programa de gratuidade no transporte coletivo aos domingos e feriados. Batizada de “Domingão Tarifa Zero”, a iniciativa é de autoria do vereador Cabo Senna (PRD) e foi encaminhada como sugestão ao prefeito Sandro Mabel (União Brasil), a quem caberá avaliar a viabilidade técnica, financeira e operacional da medida.

O requerimento tem como foco ampliar o acesso da população de baixa renda ao transporte público em dias tradicionalmente marcados por menor demanda do sistema. A proposta parte do entendimento de que o custo da tarifa ainda é um fator limitante para muitas famílias, sobretudo nos fins de semana, quando deslocamentos para lazer, cultura e convivência social costumam ser adiados ou simplesmente inviabilizados.

De acordo com o parlamentar, a gratuidade permitiria que moradores em situação de vulnerabilidade social pudessem circular pela cidade com mais liberdade, frequentar parques, praças, equipamentos públicos e pontos turísticos, além de fortalecer o direito ao lazer previsto na Constituição. A sugestão contempla domingos, feriados nacionais e datas simbólicas para a capital, como o aniversário de Goiânia, celebrado em 24 de outubro, além do período natalino.

“O objetivo é dar condições para que famílias que hoje não conseguem pagar a passagem possam sair de casa, levar os filhos para conhecer a cidade e ocupar os espaços públicos”, afirmou o vereador ao defender o requerimento. Segundo ele, a proposta também pode contribuir para uma maior integração social e para o fortalecimento do vínculo entre a população e a administração municipal.

Do ponto de vista operacional, o requerimento destaca que a adoção da gratuidade em dias específicos poderia ocorrer sem impacto significativo na rotina do sistema, justamente por coincidir com períodos de menor fluxo de passageiros. Em experiências adotadas por outras cidades brasileiras, medidas semelhantes têm sido associadas ao aumento do uso do transporte coletivo fora dos horários de pico e à redução da circulação de veículos particulares, com reflexos positivos no trânsito e no meio ambiente.

O texto, no entanto, não impõe obrigações imediatas ao Executivo. Trata-se de uma manifestação política formal, que solicita estudos detalhados sobre custos, fontes de financiamento e possíveis ajustes contratuais com as concessionárias do transporte coletivo. Caberá à Prefeitura de Goiânia analisar se há condições orçamentárias e legais para implementar o programa, bem como definir o formato mais adequado, caso a proposta avance.

A discussão ocorre em um contexto mais amplo de debates sobre mobilidade urbana, inclusão social e sustentabilidade financeira do transporte público. Nos últimos anos, diferentes municípios brasileiros têm revisitado modelos tarifários, buscando alternativas que conciliem equilíbrio econômico do sistema com a ampliação do acesso da população. Em Goiânia, o requerimento reacende esse debate e coloca a gratuidade em dias específicos no centro da agenda política municipal.

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