21 de novembro de 2024
NotíciasSaúdeÚltimas

Aumento de casos de Doença Diarreica Aguda em Goiás acende alerta para cuidados com alimentação e higiene

Especialistas orientam sobre como evitar a contaminação e tratar a DDA, que afeta 149 municípios goianos, com mais de 26 mil casos em agosto.
A nutricionista Carolina Nobre pontua que aqueles que estão com a crise diarreica devem evitar alimentos crus e dá outras orientações Arquivo Pessoal

O estado de Goiás enfrenta um surto preocupante de Doença Diarreica Aguda (DDA), com números alarmantes divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Somente no mês de agosto, foram notificados 26.756 casos de DDA em 149 municípios goianos, caracterizando surtos ativos em diferentes regiões do estado. Desde o início de 2024, o número total de casos chega a 168.488, elevando o alerta das autoridades sanitárias e da população.

O surto, que afeta principalmente os meses de agosto e setembro, é causado pela ingestão de alimentos, água e bebidas contaminadas por microrganismos como vírus, bactérias e parasitas. De acordo com a SES, o rotavírus é o principal agente responsável pelos surtos nos municípios de Goiás. Com o crescimento rápido dos casos, a importância de manter cuidados rigorosos com a alimentação e a higiene pessoal torna-se fundamental.

Causas e cuidados com a alimentação

A nutricionista Carolina Nobre, que atua no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, pontua que a alimentação tem um papel crucial tanto na prevenção quanto no tratamento da diarreia. Para aqueles que já estão enfrentando a doença, ela orienta a escolha de alimentos leves e ricos em amido, como arroz, batata e macarrão, além de frutas sem casca e vegetais cozidos. “É importante evitar frituras, molhos, leite e derivados, frutas com casca, vegetais crus e alimentos industrializados, pois esses itens podem piorar o quadro”, recomenda a especialista.

Além da alimentação adequada, hidratação é essencial para a recuperação. Segundo Carolina, a diarreia provoca perda significativa de eletrólitos como sódio e potássio, que precisam ser repostos. Ela sugere a ingestão de água filtrada, água de coco e bebidas com repositores hidroeletrolíticos. “Em casos mais graves, pode ser necessária a administração de soro endovenoso, que deve ser indicado por um médico”, completa.

Prevenção e cuidados para evitar a contaminação

A prevenção da Doença Diarreica Aguda começa com hábitos de higiene e o cuidado no preparo dos alimentos. A nutricionista orienta que todos devem lavar as mãos adequadamente com água e sabão antes de manipular ou consumir qualquer alimento. “Durante períodos de surtos, é prudente evitar refeições fora de casa, pois o manipulador do alimento pode estar contaminado sem apresentar sintomas evidentes”, alerta Carolina.

Alimentos crus também devem ser evitados, especialmente quando não há garantias sobre o processo de higienização. Segundo a especialista, frutas, legumes e verduras precisam ser bem lavados em água corrente e posteriormente imersos em uma solução clorada por pelo menos 10 minutos. “Essa solução pode ser feita com duas colheres de sopa de água sanitária ou hipoclorito de sódio para cada litro de água. O uso de vinagre ou detergente não é eficaz para eliminar os microrganismos”, reforça Carolina.

Pós-crise: Restabelecimento da flora intestinal

Após a recuperação da crise de diarreia, muitos pacientes necessitam de atenção especial para restaurar a flora intestinal. De acordo com a nutricionista, o uso de antibióticos, frequentemente administrado durante episódios graves, pode destruir não apenas as bactérias causadoras da diarreia, mas também as bactérias boas que colonizam o intestino. “Recomendo o uso de probióticos por pelo menos 30 dias após o fim do tratamento com antibióticos, para ajudar a repor a microbiota intestinal e prevenir futuras complicações”, explica Carolina.

Alimentos que fortalecem a imunidade

Para evitar novas infecções, a especialista sugere uma alimentação equilibrada, rica em zinco, selênio e vitamina A, que são nutrientes importantes para o fortalecimento do sistema imunológico. “Carnes vermelhas, castanhas e oleaginosas são boas fontes de zinco, enquanto a castanha-do-pará, feijão e ovos são ricos em selênio. Já a abóbora cabotiá e a cenoura são excelentes fontes de vitamina A”, destaca Carolina.

Esses nutrientes ajudam a melhorar a resposta imunológica do organismo e podem desempenhar um papel importante na prevenção de infecções, incluindo aquelas que levam à diarreia.

Com o surto de Doença Diarreica Aguda avançando em Goiás, é fundamental que a população adote medidas de prevenção rigorosas, desde a higienização dos alimentos até a escolha de refeições seguras. Além disso, cuidados específicos durante e após a crise diarreica são essenciais para evitar complicações mais graves e garantir uma recuperação completa. A SES continua monitorando os casos, e a recomendação é que as pessoas fiquem atentas aos sinais da doença e procurem ajuda médica sempre que necessário.