Acidente com roçadeira da Comurg deixa homem cego e força reinvenção profissional
Vinicius Rodrigues reinventa seu trabalho transformando retalhos em roupas de academia enquanto recebe indenização e pensão vitalícia após acidente que poderia ter sido evitado

Vinicius Rodrigues, cortador de tecidos autônomo de Goiânia, teve sua vida transformada por um acidente que expôs graves falhas na operação de serviços públicos municipais. Em outubro de 2023, enquanto passeava com a família em uma praça, Vinicius foi atingido no olho esquerdo por um detrito lançado por uma máquina de roçagem operada por funcionário da Comurg, companhia municipal responsável pela manutenção de áreas verdes. O impacto resultou na perda permanente da visão de um dos olhos e na redução significativa de sua capacidade de trabalho.
Sem auxílio público imediato, Vinicius enfrentou a queda de produtividade e a perda de clientes. Para sustentar esposa e dois filhos, precisou reinventar sua rotina profissional: começou a transformar retalhos de tecido que seriam descartados em roupas de academia. O empreendimento, iniciado com R$ 750, evoluiu para uma pequena linha de blusas fitness, garantindo renda e autonomia para a família. “Tudo ficou mais lento, mais cauteloso. Meu serviço exige muita atenção com objetos cortantes, mas consegui encontrar um novo caminho”, disse Vinicius.
A Justiça reconheceu a responsabilidade da Prefeitura de Goiânia e da Comurg. A juíza Raquel Rocha Lemos determinou o pagamento de R$ 80 mil por danos morais, R$ 40 mil por danos estéticos e pensão vitalícia equivalente a 25% do salário-mínimo, retroativa à data do acidente, com o objetivo de compensar a redução da capacidade laborativa da vítima.
O caso evidencia falhas operacionais da Comurg e da gestão municipal, que não aplicou medidas de proteção adequadas em serviços de roçagem, expondo frequentadores de espaços públicos a riscos graves. Paralelamente, o prefeito Sandro Mabel vetou recentemente projeto da Câmara Municipal que obrigaria a companhia a usar telas de proteção em todas as roçagens, argumentando “amplitude e imprecisão” da proposta, além de considerar que a medida seria redundante diante de normas já existentes da Agência de Regulação de Goiânia.
A decisão de veto gerou críticas de especialistas em segurança pública, que apontam a necessidade de protocolos mais rigorosos e fiscalização efetiva para prevenir acidentes semelhantes. O episódio reforça a responsabilidade do município na proteção de cidadãos e evidencia a vulnerabilidade de trabalhadores e frequentadores de áreas públicas diante da ausência de medidas preventivas consistentes.
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