Ministério da Saúde implanta centro avançado de radioterapia em Goiânia com tecnologia para ampliar tratamento oncológico no SUS
Investimento superior a R$ 14,5 milhões integra Programa Agora Tem Especialistas e reforça capacidade de atender cerca de 600 novos pacientes por ano no Hospital das Clínicas da UFG; expansão faz parte de iniciativa nacional que já distribuiu equipamentos a todas as unidades federativas.
O Ministério da Saúde ampliou a capacidade de tratamento oncológico do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiânia ao inaugurar um centro de radioterapia equipado com acelerador linear de última geração no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). A instalação reforça o atendimento especializado oncológico em uma das regiões metropolitanas de maior demanda do país.
O novo equipamento, adquirido com recursos federais e integrando o Programa Agora Tem Especialistas, deverá beneficiar aproximadamente 600 pacientes por ano — muitos dos quais enfrentavam longas filas de espera para acesso à radioterapia no SUS. A cerimônia de entrega contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde, entre eles o secretário-executivo Adriano Massuda, além de autoridades estaduais e gestores de saúde.
Segundo a pasta, o acelerador linear custou R$ 14,5 milhões e foi complementado por cerca de R$ 5 milhões em investimentos via ProSus (Programa de Fortalecimento do Sistema Único de Saúde) repassados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), totalizando quase R$ 20 milhões destinados à instalação e operacionalização da unidade. A tecnologia é considerada central no tratamento de tumores sólidos e imprescindível para tratamentos ambulatoriais e de média complexidade que exigem precisão milimétrica na administração de doses de radiação.
A expansão em Goiânia faz parte de um movimento mais amplo: com a entrega de 22 aceleradores lineares em 2025, o Agora Tem Especialistas assegurou que todos os estados brasileiros tenham acesso a centros de radioterapia no SUS, reduzindo distâncias e desigualdades na oferta de cuidados oncológicos. Antes da iniciativa, muitos pacientes precisavam se deslocar, em média, cerca de 145 quilômetros para ter acesso ao serviço, segundo dados de federações médicas e agências reguladoras do setor.
O programa está alinhado ao Plano de Expansão da Radioterapia no SUS (PERSUS), que estabeleceu metas claras para reduzir “vazios assistenciais” — áreas geográficas sem cobertura — e para mitigar o tempo de espera entre diagnóstico e início do tratamento. Até o final de 2026, está previsto que 121 novos aceleradores lineares sejam entregues no Brasil, potencialmente beneficiando mais de 84,7 mil pacientes com diagnóstico oncológico.
Além de Goiânia, outras unidades que receberam aceleradores lineares no mesmo período incluem o Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira (MG); o Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho, em São Luís (MA); a Santa Casa de Misericórdia de Marília (SP); e o Hospital Maternidade São José, em Colatina (ES). A entrega ocorre em sequência à inauguração do primeiro centro de radioterapia no estado do Amapá, reforçando a capilaridade nacional do programa.
Impacto na Atenção Especializada
Especialistas e gestores ouvidos por esta reportagem enfatizam que a disponibilidade de modernos aceleradores lineares é um marco estratégico para a oncologia pública. Além de permitir tratamentos mais precisos e com menos efeitos colaterais, a tecnologia reduz a necessidade de deslocamentos longos e a dependência de centros privados. Isso é particularmente relevante para casos de câncer de próstata, mama, pulmão e cabeça e pescoço — patologias que exigem radioterapia como parte central do protocolo terapêutico.
Estudos setoriais mostram que a oferta de radioterapia é um dos principais gargalos na rede pública, atrás apenas da disponibilidade de consultas especializadas e cirurgias oncológicas. A inclusão de equipamentos em todos os estados visa reorganizar a distribuição geográfica do serviço e oferecer um padrão de cuidado mais equitativo.
Perspectivas e Desafios
Apesar dos avanços, especialistas apontam que a expansão de equipamentos não é, por si só, suficiente. A efetividade dos centros de radioterapia depende também de:
- capacidade de operacionalização (equipe técnica qualificada, físicos médicos e técnicos de radiologia);
- aprovisionamento contínuo de insumos;
- integração com políticas de triagem precoce e diagnóstico;
- planejamento logístico para atender pacientes referenciados de áreas rurais e remotas.
O Ministério da Saúde reconhece esses desafios e afirma que a expansão faz parte de um conjunto de iniciativas estruturais, que incluem treinamento de profissionais, revisão de protocolos de fila única e financiamento específico para custeio dos serviços.
A inauguração do centro de radioterapia no HC-UFG representa, portanto, um passo importante na consolidação de uma política pública de câncer mais inclusiva e tecnicamente robusta, alinhada à missão do SUS de oferecer atenção integral e humanizada a todos os cidadãos, independentemente de sua condição socioeconômica ou localização geográfica.
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