Técnica de enfermagem denuncia agressão durante vacinação, em Goiânia
Sala de vacinação é palco de agressão física contra servidora municipal — vídeo, prisões e questionamentos sobre violência no atendimento público
Uma técnica de enfermagem denunciou ter sido agredida na tarde desta quinta-feira (27) na sala de vacinação do Centro de Saúde da Família (CSF) Boa Vista, em Goiânia. Segundo relatos e imagens gravadas por usuários da unidade, a mãe de uma criança vacinada desferiu um tapa no rosto da profissional durante uma discussão, depois de reclamar que a filha teria recebido uma “injeção forte” e apresentado um pequeno sangramento. As autoridades foram acionadas, e a agressora foi detida pela Guarda Civil Municipal (GCM), conforme confirmação da Polícia Militar.
A servidora, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que o impasse começou quando ela explicou à mulher a importância de atualizar o calendário vacinal da criança de 1 ano e 2 meses. Ao ouvir que a menina precisava receber três vacinas atrasadas, a mãe reagiu de forma violenta — desferindo chutes, unhas e empurrões, além do golpe no rosto da profissional. A técnica afirma ter conseguido gravar parte da agressão com o próprio celular. A mãe, que estava acompanhada de uma adolescente de 11 anos, reagiu agressivamente também contra a criança, chegando a ameaçar a servidora: “ia voltar lá e furar minha cara de bala”, conforme denunciou.
A agressão foi registrada em boletim de ocorrência, e a vítima realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informou que está prestando toda a assistência necessária à servidora e classificou o episódio como grave.
Contexto nacional aponta padrão preocupante de violência contra profissionais de saúde
Casos semelhantes vêm ganhando destaque em diferentes regiões do Brasil nos últimos anos, mostrando que a agressão a trabalhadores da saúde é uma realidade persistente e muitas vezes subnotificada. Em maio de 2022, uma enfermeira em Salvador foi agredida com tapas, puxões de cabelo e puxões de braço por mães que tentavam burlar o esquema de vacinação — episódio que repercutiu nacionalmente.
Mais recentemente, em Aparecida de Goiânia, uma médica foi agredida por uma paciente que havia perdido a vez no atendimento em uma unidade de pronto atendimento (UPA), sendo atingida com cabeçadas e ameaças de morte. A agressora foi detida pela guarda local.
Esses episódios reforçam um padrão alarmante de violência no ambiente de saúde — que não se limita à pandemia — e elevam a urgência de medidas estruturais de proteção aos profissionais, além de campanhas de conscientização da população sobre o respeito aos trabalhadores.
Consequências para o atendimento e saúde pública
Para além do dano físico e psicológico sofrido pela técnica agredida — que relatou chutes, arranhões e ameaças — a agressão impacta diretamente a rotina do CSF e a confiança no sistema de saúde pública. Profissionais podem se sentir inseguros, com medo de novos episódios; pacientes e acompanhantes podem evitar buscar atendimento, e a credibilidade de campanhas de imunização pode ser prejudicada.
Especialistas em gestão de saúde alertam que a recorrência de agressões exige adoção de protocolos de segurança: presença de vigilância, treinamento de recepção, preparo para abordagem de conflitos e mecanismos de apoio a servidores vulnerabilizados — medidas que já têm sido reivindicadas em diversos estados e municípios. Casos similares, além de gerarem estresse e risco ocupacional, podem provocar evasão de profissionais da linha de frente, fragilizando ainda mais a rede pública.
Reações e apelo por proteção
Organizações que defendem os direitos de trabalhadores da saúde, sindicatos de enfermagem e conselhos de classe têm reiterado que episódios de agressão devem ser denunciados, investigados e punidos de forma exemplar. A violência no local de trabalho não pode ser tratada como simples ocorrência — ela compromete a segurança de quem cuida da saúde da população e requer resposta institucional imediata.
No caso denunciado em Goiânia, o registro da agressão e a detenção da acusada demonstram que é possível responsabilizar os agressores. Profissionais cobraram do poder público medidas concretas para garantir segurança nas unidades de vacinação e atendimento, especialmente em momentos de alta demanda ou tensão, como campanhas de imunização infantil.
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