Prefeitura abandona projeto de foguetes para espantar urubus no aterro da Goiânia
Após revelação de gasto previsto de R$ 151,6 mil, Prefeitura cancela compra de artefatos pirotécnicos e adota estratégia tecnológica menos invasiva, com apoio de especialistas em meio ambiente.

A Prefeitura de Goiânia decidiu cancelar a compra de foguetes e rojões destinados ao espantamento de urubus no aterro sanitário da capital, informou o prefeito Sandro Mabel nesta quarta-feira (22). O projeto original da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) previa o gasto de R$ 151.675,20 para aquisição de 11.520 artefatos pirotécnicos, do tipo “12 × 1 tiros”, cada um com até 6 gramas de pólvora, para dispersão de aves em área operacional do aterro.
Em substituição, a administração municipal adotará tiros de ar comprimido e gravações de grito de águia, aplicados por um sistema de sonorização ambiental, como estratégia de controle da presença de aves no local. “Estamos mudando os foguetes por duas coisas: tiros de ar comprimido e o grito de uma águia, que será emitido via sistema de som”, afirmou Mabel.
Motivações da mudança
A decisão segue repercussão negativa da notificação pública sobre a compra dos artefatos pirotécnicos — que gerou questionamentos legais, ambientais e operacionais. A lei estadual Lei Estadual nº 21.657/2022 proíbe “a queima, soltura e manuseio de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos de alto impacto ou com efeito de tiro” em espaços públicos ou privados do Estado de Goiás.
Além disso, especialistas ambientais alertaram para os riscos associados à utilização de explosivos em aterros sanitários, onde há presença de gás metano e materiais inflamáveis. O professor da Universidade Federal de Goiás, Rogério Pereira, especialista em ecologia comportamental, ressaltou que urubus desempenham papel essencial na decomposição de matéria orgânica e que o uso de foguetes poderia desencadear incêndios ou desequilíbrios ecológicos. “Se uma faísca atingir o gás metano ou os resíduos, o impacto pode ser grave”, disse.
O que muda na prática
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente ou da Comurg, o novo sistema — tiros de ar comprimido e som gravado de águia — será instalado em áreas estratégicas do aterro, operado por equipe treinada, com protocolos técnicos de segurança e sem uso de pirotecnia. A Comurg afirmou que os foguetes eram destinados à “dispersão de aves” em áreas operacionais, conforme edital do pregão eletrônico nº 032/2025.
A estratégia alternativa pretende manter a eficácia de autodefesa contra a presença de aves que possa comprometer equipamentos, armazenamento ou operações do aterro urbano, mas com menor impacto ambiental e maior conformidade com a legislação estadual.
Reflexos e expectativas
A mudança será acompanhada por monitoramento técnico para aferir a eficácia dos métodos adotados e a eventual redução da presença de aves no local. A Prefeitura ainda não detalhou cronograma para instalação integral do novo sistema, nem os custos envolvidos. A Comurg não se posicionou oficialmente até o fechamento desta reportagem.
A decisão reflete uma abordagem mais moderada e tecnicamente orientada para controle de fauna em instalações operacionais e indica atenção aos aspectos legais e ambientais no tratamento de resíduos urbanos em Goiânia.
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