Governo de Goiás inicia recuperação ambiental de 160 hectares para viabilizar aeroporto de cargas em Anápolis
Obras emergenciais com investimento de R$ 38 milhões visam eliminar erosões, reativar drenagem e permitir retomada das operações logísticas no terminal.
O Governo de Goiás deu um passo decisivo para destravar o funcionamento pleno do Aeroporto de Cargas de Anápolis ao iniciar a recuperação de uma área degradada de aproximadamente 160 hectares, correspondente a grande parte do complexo aeroportuário. A deterioração, identificada em estudos da Goinfra (Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes), decorre de falhas históricas no projeto original de drenagem pluvial entre 2010 e 2012.
Diagnóstico e causas do passivo
De acordo com os levantamentos técnicos, a drenagem original foi subdimensionada ou ignorada em partes críticas, o que deu espaço a processos erosivos progressivos — ravinas, assoreamentos e, em três pontos, voçorocas que chegaram ao lençol freático. As intervenções em curso há cerca de 60 dias tratam justamente dessas disfunções principais.
O presidente da Goinfra, Pedro Sales, destaca que esse é atualmente o maior projeto de recuperação ambiental em execução no Estado e afirma que a primeira etapa deve ser concluída antes do próximo período chuvoso. “Queremos entregar a recuperação ainda em novembro ou dezembro para que a obra de retomada seja viável.”
Diretrizes técnicas da intervenção
O plano de recuperação (PRAD preliminar) elaborado prevê seis eixos de atuação simultâneos:
- implantação de drenagem pluvial adequada
- correção de erosões e voçorocas
- reconstrução das cabeceiras da pista afetadas
- desassoreamento dos cursos d’água naturais
- restauração de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e revegetação
- terraceamento e dispositivos para reduzir a velocidade de escorrimento da água.
As quatro primeiras etapas já estão em execução, com equipes dedicadas à implantação de canais e correções estruturais. O reflorestamento será realizado após a fase de drenagem e estabilização do solo.
Além disso, mecanismos como terraços em nível e estruturas para reduzir velocidade da água pluvial estão previstos para evitar que novos processos erosivos surjam após restauração.
Investimento e cronograma
O governo estadual prevê um investimento total de R$ 38 milhões nesse programa de recuperação. Segundo a Goinfra, esse montante foi dimensionado a partir do diagnóstico ambiental e deve garantir que o terminal esteja pronto para receber infraestrutura complementar.
Após a recuperação ambiental, o aeroporto poderá ter suas obras finais retomadas e, segundo estimativas, até 2026 parte da pista poderá ser homologada para movimentação de aeronaves de carga. A Infraero será a gestora após a conclusão das intervenções estruturais.
Reações e impactos esperados
O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa, expressou apoio à iniciativa e afirmou que a cidade está apta para dialogar com operadoras logísticas interessadas em instalar rotas de carga no terminal. A prefeitura também vem ampliando parcerias com o Estado, envolvendo outras frentes de infraestrutura urbana que complementam o projeto aeroportuário.
Especialistas em logística avaliam que um aeroporto de cargas funcional em Anápolis tem o potencial de integrar o município a uma rota estratégica entre Brasília e o interior do país, aproveitando malhas rodoviárias e ferroviárias adjacentes. A reativação pode gerar efeito multiplicador em indústrias, centro de distribuição e comércio regional.
Desafios e observações críticas
Apesar do projeto avançar, permanecem desafios a serem observados:
- a reativação da pista para operações exige não só recuperação ambiental, mas também adequação técnica de pavimentação, homologações e sistema de navegação aérea;
- eventuais intempéries durante o processo de implementação podem comprometer parcialmente áreas ainda instáveis;
- será necessário monitoramento contínuo após a restauração para garantir que os sistemas de drenagem sejam eficazes a longo prazo;
- o modelo institucional de gestão logística e operação do aeroporto precisa ser definido com clareza para tornar viável sua operação comercial sustentável.
O avanço da recuperação ambiental representa uma etapa decisiva para a conclusão de um projeto pendente há mais de uma década. Se bem-sucedida, essa iniciativa poderá converter um passivo ambiental histórico em um ativo estratégico para o desenvolvimento industrial e logístico de Anápolis e de Goiás.
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