Protesto em Goiânia reúne centenas contra a PEC da Blindagem
Manifestantes criticam aprovação da proposta na Câmara e pressionam o Senado a rejeitar medida que amplia foro privilegiado para parlamentares
Centenas de manifestantes se reuniram neste domingo (21) na Praça Universitária, em Goiânia, para protestar contra a chamada PEC da Blindagem, proposta de emenda constitucional aprovada pela Câmara dos Deputados que amplia o foro privilegiado de parlamentares e dá ao Congresso poder de autorizar ou barrar investigações criminais determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ato foi convocado pelo Fórum Goiano em Defesa dos Direitos, da Democracia e Soberania, que reúne partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais.
Com faixas, cartazes e bandeiras, os participantes exibiram os nomes dos deputados goianos que votaram a favor da medida e criticaram o projeto, apelidado nas redes sociais de “PEC da Impunidade” e “PEC da Bandidagem”. Além da oposição à proposta, os manifestantes também cobraram avanço em pautas populares, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a revisão da jornada de trabalho 6 por 1.
Após concentração inicial, os manifestantes iniciaram caminhada até a Praça Cívica, onde foram realizados discursos e atos culturais. A mobilização buscou pressionar o Senado Federal, que deve analisar o texto nos próximos dias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Como foi a votação da PEC
A Câmara aprovou a PEC em dois turnos na última terça-feira (16). No primeiro, foram 353 votos favoráveis, 134 contrários e uma abstenção. No segundo, o placar foi de 344 a 133.
O texto concede às Casas Legislativas o poder de deliberar, em votação secreta e no prazo de até 90 dias, se parlamentares podem ou não responder a processos criminais no STF. Além disso, amplia o alcance do foro privilegiado para questões cíveis, algo inédito no ordenamento brasileiro.
Para entrar em vigor, a proposta ainda precisa ser aprovada em dois turnos pelo Senado.
Voto da bancada goiana
Entre os 17 deputados federais de Goiás, apenas Adriana Accorsi (PT), Rubens Otoni (PT) e Flávia Morais (PDT) votaram contra a PEC. Os demais se posicionaram a favor.
A votação repercutiu intensamente nas redes sociais, onde críticas à medida somaram mais de 250 mil postagens em menos de 24 horas.
Reações políticas
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), manifestou-se contra a proposta. Em suas redes sociais, classificou a PEC como um “divórcio do Congresso com o povo brasileiro” e alertou que sua aprovação representaria um “convite para o crime organizado ocupar espaços no Legislativo”.
A deputada Silvye Alves (UB) também se pronunciou após críticas pela sua votação favorável. Em vídeo, afirmou ter sido “covarde” e alegou que votou sob pressão, pedindo desculpas ao eleitorado. Foi a única entre os 14 parlamentares goianos que apoiaram a PEC a se manifestar publicamente.
O que está em jogo
Para analistas políticos, a proposta altera o equilíbrio entre os Poderes, reduzindo a autonomia do Judiciário e fortalecendo o corporativismo no Legislativo. Entidades de juristas e organizações da sociedade civil já se posicionaram contra a medida, alegando que ela compromete a responsabilização de agentes públicos e enfraquece a confiança da população nas instituições democráticas.
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