Preta Gil morre aos 50 anos após longa luta contra câncer no intestino
Ícone da música, do ativismo e da cultura brasileira, enfrentou a doença desde 2023 com transparência, voz ativa e engajamento social

Morreu neste domingo, aos 50 anos, a cantora, apresentadora e empresária Preta Maria Gadelha Gil Moreira, conhecida nacionalmente como Preta Gil. Filha do cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, a artista estava internada nos Estados Unidos para tratamento contra um câncer colorretal avançado, diagnosticado em 2023. A morte foi confirmada por familiares, por meio de comunicado oficial, e lamentada por autoridades, artistas e lideranças sociais.
Desde a confirmação do câncer há dois anos, Preta Gil travava uma batalha pública e transparente contra a doença. Após passar por cirurgia, quimioterapia e radioterapia no Brasil, enfrentou uma recidiva em 2024, com metástases nos linfonodos, ureter e peritônio. Em busca de terapias inovadoras, transferiu-se no início de 2025 para o Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, referência mundial em oncologia. Apesar dos esforços médicos, o quadro evoluiu de forma irreversível nas últimas semanas.
Trajetória marcada por autenticidade e militância
Preta Gil iniciou sua carreira musical em 2003, com o disco Prêt-à-Porter, combinando pop, samba, funk e MPB com letras sobre amor, liberdade e aceitação. Ganhou notoriedade não apenas por sua música, mas também por sua postura franca, ativista e pela constante defesa de causas como o feminismo, os direitos da população LGBTQIA+ e o antirracismo.
Fundadora da agência Mynd, voltada à gestão de carreiras e marketing digital de artistas e influenciadores, Preta também se destacou no mundo dos negócios e no fomento de narrativas negras e periféricas na cultura pop brasileira.
Sua presença constante em novelas, programas de televisão e redes sociais consolidou-a como uma figura midiática multifacetada e influente.
O impacto de uma voz pública sobre saúde
Preta Gil foi uma das poucas figuras públicas brasileiras a falar abertamente sobre o câncer colorretal, seus sintomas, os efeitos colaterais dos tratamentos e os desafios emocionais enfrentados por pacientes e familiares. Seu relato corajoso, muitas vezes em vídeos e entrevistas, rompeu tabus ao mostrar as vulnerabilidades humanas de maneira sincera e digna.
Especialistas da Sociedade Brasileira de Coloproctologia destacaram, à época de seu diagnóstico, que casos de câncer colorretal vêm crescendo entre pessoas com menos de 50 anos, reforçando a importância de exames preventivos como a colonoscopia.
Luto nacional e homenagens
A morte de Preta Gil repercutiu amplamente nas redes sociais e em veículos de imprensa nacionais e internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu nota oficial, lamentando a perda de uma artista “fundamental para a cultura brasileira” e “uma mulher que nunca se calou diante das injustiças”.
Artistas como Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Liniker, Emicida e Alcione expressaram publicamente a dor da despedida, exaltando sua “alegria contagiante”, sua “coragem revolucionária” e a forma como ela “transformava dor em luta e arte”.
Legado e continuidade
Preta deixa um filho, Francisco Gil, fruto do relacionamento com o cantor Otávio Müller, e uma neta, Sol de Maria. Francisco, vocalista da banda Gilsons — formada com filhos e netos de Gilberto Gil — representa uma continuidade simbólica do legado musical da família Gil.
Sua carreira artística foi marcada não apenas por discos e shows, mas por uma maneira única de se posicionar diante do mundo, que agora se traduz em memória cultural e resistência.
Velório e cremação
O corpo de Preta será trasladado ao Brasil nos próximos dias. A cerimônia de despedida ocorrerá no Rio de Janeiro, com velório aberto ao público no Theatro Municipal. Segundo a família, a artista será cremada, conforme desejo expresso em vida.
A mulher que viveu com intensidade e morreu com dignidade
Preta Gil rompeu estereótipos, enfrentou o preconceito de frente e construiu sua trajetória pautada na liberdade e no afeto. Sua partida precoce encerra uma trajetória pública de corajosa entrega à vida e à arte, mas sua voz permanecerá viva em canções, histórias e causas que ajudou a consolidar.
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