5 de dezembro de 2025
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Contrato entre amigos: a cláusula que salva a empresa e preserva laços pessoais

Advogado alerta para os riscos de sociedades informais entre amigos e destaca que profissionalismo jurídico é essencial para proteger negócios e relações pessoais a longo prazo
O advogado João Victor Duarte Salgado destaca que mesmo entre amigos deve-se fazer um contrato ao abrir um negócio. Cristiano Borges

Inúmeras empresas nascem de conversas despretensiosas entre amigos. A afinidade, a confiança mútua e os sonhos em comum costumam parecer garantias suficientes para uma jornada empresarial sólida. No entanto, quando o entusiasmo inicial encontra os desafios do cotidiano corporativo — metas não alcançadas, divergências financeiras, desequilíbrio de esforços — o que era afeto pode se transformar em ressentimento.

É para evitar esse tipo de ruptura que o advogado João Victor Duarte Salgado, do escritório Celso Cândido de Souza Advogados, reforça a importância de um contrato bem estruturado desde o início da sociedade, especialmente quando se trata de empreendimentos entre amigos.

A ilusão da confiança absoluta

Uma pesquisa conduzida pela plataforma Photoroom revelou que 88% dos entrevistados acreditam que seus melhores amigos seriam excelentes sócios. Além disso, 74% já consideraram abrir um negócio juntos, baseando-se principalmente em atributos como confiança (61%) e valores compartilhados (52%).

Entretanto, o mesmo estudo aponta que 46% dos entrevistados reconhecem que lidar com conflitos seria o maior desafio em uma sociedade com amigos, seguido pelas questões financeiras como fonte recorrente de tensão.

Esses dados revelam uma dissonância comum no empreendedorismo entre amigos: a crença de que relações pessoais podem suprimir a necessidade de formalidades jurídicas. É aí que mora o risco.

Contrato: o elo entre profissionalismo e preservação da amizade

Para João Victor Salgado, o erro mais comum é acreditar que amizade e negócio podem se sustentar apenas com boa fé e diálogo informal.

“Quando estamos a tratar de empresa, o profissionalismo deve ser a regra. Amigos devem se ver, antes de tudo, como sócios. O contrato social e o acordo de sócios são os documentos capazes de deixar a amizade do lado de fora da empresa e torná-los sócios de fato, com as devidas responsabilidades e direitos definidos”, afirma.

O advogado ressalta que mesmo quem já iniciou a sociedade informalmente pode e deve formalizar a relação jurídica o quanto antes, especialmente para evitar litígios futuros ou desgastes irreversíveis na amizade.

O que não pode faltar no contrato entre amigos-sócios

Entre os itens indispensáveis apontados pelo especialista, destacam-se:

  • Distribuição clara de funções dentro da empresa;
  • Definição da porcentagem de participação de cada sócio;
  • Critérios objetivos para retirada de lucros e reinvestimento;
  • Mecanismos para entrada e saída de sócios;
  • Cláusulas de solução de conflitos e mediação;
  • Previsão para aporte de capital futuro.

“São detalhes que parecem pequenos no início, mas que se tornam fundamentais quando as situações adversas surgem. Um contrato bem feito antecipa conflitos e permite que a amizade sobreviva mesmo quando o negócio enfrenta dificuldades”, explica João Victor.

Quando a amizade deixa de ser prioridade

Um alerta importante feito pelo advogado diz respeito à transformação da relação interpessoal em puramente funcional. Segundo ele, é comum ver sociedades naufragarem quando os sócios deixam de se enxergar como parceiros humanos e passam a agir movidos apenas por cobranças ou frustrações.

“A ausência de contrato é só o começo. A partir do momento em que desaparece o propósito comum e cada sócio passa a medir o outro apenas por entregas ou falhas, o desgaste é inevitável. A amizade vira um peso, e o negócio perde seu equilíbrio emocional e estratégico.”

A formalidade como prova de maturidade

Contrariando a ideia de que assinar contratos entre amigos seria um gesto de desconfiança, João Victor sustenta que formalizar a sociedade é, na verdade, um gesto de respeito mútuo e de proteção recíproca.

“Um bom contrato é a prova de que os sócios desejam não apenas o sucesso do negócio, mas também a manutenção de uma relação saudável e transparente. Ele organiza a empresa, evita desentendimentos e impede que conflitos inevitáveis se transformem em rupturas pessoais”, finaliza.

Neste 20 de julho, Dia do Amigo, talvez o maior gesto de consideração entre parceiros de longa data seja justamente o de colocar tudo no papel — com seriedade, responsabilidade e visão de futuro.


Fontes: Photoroom, entrevista com João Victor Duarte Salgado (Celso Cândido de Souza Advogados)

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Marcus

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