Tragédia em Rio Verde: trabalhador morre após queda de 20 metros durante incêndio em fábrica de fertilizantes
Funcionário da Comigo é encontrado sem vida dentro de elevador industrial após queda durante combate a incêndio de grandes proporções. Corporação utilizou 27 mil litros de água e técnicas especializadas para controlar as chamas e resgatar o corpo. Polícia Civil investiga o caso.
Um incêndio de grandes proporções atingiu, no fim da tarde desta quarta-feira (9), uma unidade da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), localizada às margens da BR-060, no município de Rio Verde, no sudoeste goiano. O episódio resultou na morte trágica de um trabalhador, cujo corpo foi encontrado sem vida dentro de um elevador industrial vertical, após uma queda estimada em cerca de 20 metros de altura.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, a vítima — cuja identidade ainda não foi oficialmente divulgada — teria tentado evacuar ou atuar na contenção do fogo quando acabou caindo na estrutura interna do elevador de carga, sendo posteriormente exposta a altas temperaturas e intensa fumaça, o que contribuiu para o agravamento da situação.
Combate ao fogo e resgate técnico em estrutura comprometida
O incêndio teve início por volta das 17h30, na parte superior do complexo industrial. Segundo os bombeiros, as chamas se concentraram nos andares mais altos do elevador vertical de grãos, estrutura essencial para a movimentação e armazenagem de fertilizantes e produtos agrícolas.
Os primeiros militares a chegar encontraram o cenário de alto risco estrutural, com as escadas internas colapsadas e risco iminente de desabamento. O combate foi realizado com apoio de técnicas de resgate em altura, uso de guindaste articulado e acesso vertical com equipamentos especializados. Foram necessários 27 mil litros de água, parte proveniente das viaturas e parte do sistema de reserva da própria planta industrial.
A operação contou com o apoio de vários batalhões especializados e exigiu quase três horas de atuação contínua até a estabilização da área. O corpo do trabalhador só pôde ser retirado após o resfriamento parcial da estrutura e verificação da estabilidade do elevador, o que permitiu a entrada segura das equipes de salvamento.
Nota oficial e suporte da empresa
Em nota oficial publicada em suas redes sociais, a Comigo lamentou profundamente o falecimento do colaborador e informou estar prestando total apoio à família da vítima, além de colaborar com as autoridades na investigação do ocorrido. A cooperativa, uma das maiores do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro, ressaltou que mantém protocolos de segurança e treinamentos regulares, mas que todos os procedimentos internos serão reavaliados à luz da tragédia.
“Manifestamos nossa solidariedade aos familiares, colegas e amigos neste momento de dor. A cooperativa está comprometida com a transparência na apuração das causas e com a revisão imediata de todos os protocolos de segurança da unidade”, diz o comunicado.
Investigação em curso: causas do incêndio ainda são desconhecidas
Equipes da Polícia Técnico-Científica de Goiás e da Polícia Civil foram acionadas e realizaram os primeiros levantamentos no local. As causas do incêndio ainda não foram confirmadas, mas fontes da investigação indicam que há indícios de falha elétrica na parte superior do elevador industrial. O equipamento, utilizado na movimentação vertical de grãos e matérias-primas, é altamente suscetível a superaquecimento quando exposto à poeira orgânica e ao acúmulo de resíduos.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, a ausência de testemunhas diretas no momento exato da queda dificulta a reconstituição da sequência de eventos. A Polícia Civil pretende ouvir outros funcionários da unidade e requisitou imagens de câmeras internas de segurança para esclarecer se o trabalhador tentava operar ou evacuar a estrutura no momento da tragédia.
Histórico da Comigo e impactos no setor
Fundada em 1975, a Comigo é uma das principais cooperativas agroindustriais do país, com atuação expressiva na produção de fertilizantes, ração animal, armazenamento de grãos e prestação de serviços técnicos ao produtor rural. A unidade afetada pelo incêndio é estratégica para o abastecimento da safra de grãos da região sudoeste de Goiás, considerada uma das mais produtivas do Brasil.
Embora a empresa ainda não tenha informado a extensão dos danos materiais, técnicos da Defesa Civil e engenheiros contratados iniciaram avaliações para determinar o impacto sobre as operações da planta, incluindo risco de interrupção temporária nas linhas de produção.
Segurança do trabalho em foco
O episódio reacende o debate sobre as condições de segurança em ambientes industriais de grande porte, especialmente em setores que lidam com produtos inflamáveis, estruturas metálicas verticais e operação contínua de equipamentos em altura.
De acordo com dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), Goiás registrou mais de 10 mil acidentes de trabalho em 2023, com 41 mortes em atividades industriais.
Especialistas apontam que, embora empresas de grande porte como a Comigo mantenham programas formais de segurança, fatores humanos, falhas mecânicas e imprevistos operacionais ainda representam desafios críticos no cotidiano fabril.
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