Operação ‘Caixa de Pandora’: Empresário é Preso em Condomínio de Luxo em Goiânia Suspeito de Vender Remédios de Emagrecer Ilegais Anunciados nas Redes Sociais
Ação do Geic, motivada por denúncia anônima, mirou investigado de 40 anos que oferecia produtos sem autorização e de procedência duvidoso.

Em uma operação que visa proteger a saúde pública e combater o comércio ilegal de produtos farmacêuticos, a Polícia Civil de Goiás, por meio do Grupo Especial de Investigações Criminais (Geic) de Goiânia, prendeu nesta terça-feira (29) um empresário de 40 anos. Ele é suspeito de integrar um esquema de venda de medicamentos para emagrecer sem a devida autorização dos órgãos reguladores e de procedência duvidosa, utilizando principalmente as redes sociais para divulgar os produtos. A prisão ocorreu em flagrante em um condomínio de luxo na capital goiana, durante a operação denominada “Caixa de Pandora”.
De acordo com o delegado Alex Rodrigues, responsável pela operação, as investigações tiveram início a partir de uma denúncia anônima. “A partir da denúncia, a gente começou a fazer levantamentos, que culminou no pedido de busca e apreensão e hoje [terça-feira] na prisão do investigado”, explicou o delegado. Os produtos eram anunciados e comercializados, segundo a polícia, por valores que chegavam a R$ 5 mil. O delegado especificou que os preços variavam entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil por unidade ou tratamento, evidenciando a alta lucratividade do esquema ilícito.
A ação policial incluiu, além da prisão em flagrante do empresário, o cumprimento de mandados de busca e apreensão em três endereços ligados a ele em Goiânia. Foram vistoriadas duas residências, incluindo a localizada no condomínio de luxo próximo à saída para Bela Vista de Goiás, e um estabelecimento comercial que seria uma loja de equipamentos eletrônicos.
Na residência do condomínio de luxo, os policiais encontraram e apreenderam os medicamentos que estariam sendo vendidos ilegalmente, além de diversos aparelhos eletrônicos, como computadores e celulares. A polícia suspeita que esses equipamentos eram utilizados como ferramenta central na prática criminosa, tanto para a divulgação e anúncio dos produtos nas redes sociais quanto para a comunicação com os compradores e a gestão do esquema.
As investigações do Geic buscam agora delimitar a extensão temporal das atividades ilícitas do empresário e o número de pessoas impactadas. “Estamos tentando delimitar durante as investigações sobre há quanto tempo ele anunciava. Agora, com a prisão e apreensão de aparelhos eletrônicos, a gente vai poder definir melhor uma linha temporal”, disse o delegado Alex Rodrigues.
Caso as investigações confirmem as suspeitas, o empresário poderá responder por crimes gravíssimos contra a saúde pública, previstos no Código Penal. A venda, importação ou distribuição de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais sem registro no órgão de vigilância sanitária competente, ou quando falsificados, corrompidos, adulterados ou alterados, configura crime sujeito a punições severas. A polícia informou ainda que o suspeito possui antecedentes criminais, mas não divulgou quais delitos anteriores.
A operação ocorre em um contexto de crescente preocupação das autoridades de saúde com o uso indevido e a venda irregular de medicamentos para emagrecer. Recentemente, em 16 de abril deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) endureceu as regras para a prescrição e dispensação dos medicamentos agonistas de GLP-1, popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”. Essa categoria inclui substâncias como semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.
A decisão da Anvisa exige agora a prescrição em duas vias e a retenção obrigatória de uma delas pela farmácia ou drogaria no momento da compra, similar ao controle aplicado a antibióticos, com validade de receita de até 90 dias. A medida visa proteger a saúde da população, pois, segundo a Anvisa, foi observado um número elevado de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos fora das indicações aprovadas ou sem acompanhamento médico adequado. O caso do empresário preso em Goiânia se alinha a essa preocupação das autoridades com a comercialização e o uso de produtos para emagrecimento que escapam ao controle sanitário e podem representar riscos à saúde.
Como a identidade do empresário não foi divulgada pelas autoridades policiais até o momento, a reportagem não conseguiu localizar sua defesa para solicitar um posicionamento sobre as acusações e a prisão até a última atualização desta matéria. A Operação Caixa de Pandora ressalta a importância da vigilância e da denúncia anônima no combate a crimes que colocam em risco direto a saúde dos cidadãos, especialmente em um mercado informal e sem regulamentação como o de medicamentos vendidos pelas redes sociais.
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