Consumidores ainda são vítimas de fake news sobre leite longa vida
Projeto de visitas guiadas para nutricionistas desmistifica o processo de envase do leite UHT e combate informações falsas que circulam nas redes sociais.
A falta de conhecimento sobre o processo de produção e envase do leite longa vida (UHT) tem gerado desinformação, tornando os consumidores vulneráveis a fake news. Informações falsas que circulam nas redes sociais afirmam, por exemplo, que substâncias tóxicas como soda cáustica, água oxigenada e formol são utilizadas para prolongar a validade do leite de caixinha. Para esclarecer o público e reforçar a segurança alimentar, a Marajoara Laticínios, com sede em Hidrolândia (GO), lançou um projeto de visitas guiadas para nutricionistas, oferecendo transparência sobre seus processos produtivos.
Ação contra fake news
A necessidade de desmistificar o processo de envase do leite UHT se tornou urgente após uma fake news viralizar no Instagram no ano passado. No vídeo, alegações infundadas sobre a adição de produtos químicos ao leite longa vida levantaram preocupações sobre a segurança do alimento. Grandes veículos de comunicação precisaram intervir para apresentar a verdade ao público.
Em resposta a esse cenário de desinformação, a Marajoara Laticínios convidou nutricionistas para conhecerem de perto o processo de produção e envase do leite UHT. A primeira edição do projeto ocorreu recentemente, e, segundo o diretor de marketing da Marajoara, Vinícius Junqueira, a iniciativa visa capacitar profissionais que atuam diretamente com a população, para que possam combater mitos alimentares e promover uma educação nutricional baseada em fatos.
“O objetivo é mostrar na prática como o leite longa vida é produzido, desde a chegada do leite cru até a sua embalagem. Assim, desmistificamos o popular ‘leite de caixinha’, que ainda é alvo de dúvidas”, destacou Vinícius.
Do campo à mesa: o processo UHT
Durante a visita guiada, as nutricionistas acompanharam todo o percurso do leite na fábrica, começando pela sua coleta. O leite é recolhido de produtores rurais parceiros e transportado em caminhões com isolamento térmico, garantindo que a temperatura seja controlada desde a ordenha até a chegada na indústria. Esse processo leva, no máximo, 12 horas, e o leite deve ser envasado em até 24 horas para assegurar sua qualidade.
Na sala de pasteurização, o leite passa por um rigoroso processo de aquecimento e resfriamento, que elimina até 85% das bactérias presentes. Em seguida, uma centrífuga ajusta o teor de gordura do leite, determinando se ele será integral, semidesnatado ou desnatado. Na fase de esterilização, o leite é submetido a um choque térmico com temperaturas que chegam a 150°C, eliminando os 15% restantes das bactérias.
O leite é então embalado em caixas assépticas, sem contato com luz e ar, o que preserva sua qualidade por até quatro meses. “Esse é o segredo da durabilidade do leite de caixinha: o processo elimina quase todas as bactérias, e ele só será contaminado ao ter contato com o ar após ser aberto”, explicou Vinícius Junqueira.
Desmistificando o leite de caixinha
Para as nutricionistas convidadas, a visita foi uma oportunidade de desmistificar alguns mitos que ainda persistem sobre o leite longa vida. Jocielle Fernandes, uma das profissionais presentes, destacou a importância de ações como essa para educar a população. “É fundamental que as pessoas entendam que a durabilidade do leite está relacionada ao processo de esterilização, e não à adição de conservantes. Isso traz mais segurança e ajuda a combater modismos prejudiciais à saúde”, comentou.
Laura Biella, outra nutricionista que participou da visita, reforçou a necessidade de combater o preconceito contra o leite de caixinha. “Muitas pessoas acreditam que o leite longa vida não é seguro ou contém aditivos químicos. O que vimos aqui mostra que essas crenças são equivocadas, e precisamos levar essa informação ao público”, afirmou.
Já a nutricionista Maria Lemes destacou a preocupação com a qualidade do produto em todas as etapas do processo. “Foi muito interessante ver de perto o compromisso da Marajoara com a segurança alimentar, desde a coleta do leite nas fazendas até o rigoroso controle na fábrica. Isso nos dá mais confiança para orientar nossos pacientes e combater desinformação”, completou.
Com o consumo de leite crescendo no Brasil, a transparência no processo de produção e envase do leite UHT é uma maneira de reforçar a confiança no produto e combater mitos que podem afetar negativamente a saúde pública. Segundo a Embrapa, o brasileiro consome, em média, 116,5 kg de leite por ano, e a maior parte desse volume vem do leite longa vida. Com iniciativas como a da Marajoara, espera-se que a confiança no leite de caixinha continue a crescer, beneficiando tanto a saúde do consumidor quanto a economia do setor.
Fontes consultadas:
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)