Vox Patris: maior sino do mundo que badala chega ao Brasil e será instalado em Trindade, berço da fé goiana
Com 55 toneladas e 4 metros de altura, o sino gigante fabricado na Polônia traz em seu corpo a história da Romaria do Divino Pai Eterno. Obra monumental desembarcou no Porto de Santos e percorrerá o país até sua instalação definitiva na nova Basílica, em Goiás.
No alvorecer deste sábado (17), uma peça monumental da fé católica aportou em território brasileiro. O sino Vox Patris — em latim, “Voz do Pai” — desembarcou no Porto de Santos (SP) após deixar a cidade de Gdansk, na Polônia, onde foi fundido por uma das mais renomadas oficinas europeias. Pesando impressionantes 55 toneladas e medindo 4 metros de altura, o Vox Patris é considerado o maior sino do mundo em operação sonora, ou seja, o maior entre os que efetivamente badalam.
O sino está a caminho de seu destino final: a nova Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, cidade símbolo da fé católica na Região Metropolitana de Goiânia e palco da maior romaria do Centro-Oeste brasileiro. O trajeto terrestre será marcado por momentos de oração e emoção: três missas especiais já estão programadas para celebrar a jornada espiritual e histórica do sino pelo Brasil.
Itinerário da fé: a rota do Vox Patris até Trindade
- 24 de maio (domingo): Missa em Ação de Graças na Catedral de Santos (SP)
- 31 de maio: Celebração em Brasília, na Catedral Militar Rainha da Paz
- 1º de junho: Chegada a Trindade (GO), com concentração no Trevo do Padre Pelágio às 13h30 e missa solene às 17h30, na Praça Dom Antônio
De acordo com a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), o sino só será ouvido pela primeira vez nas vésperas da Romaria do Divino Pai Eterno, marcada para 26 de maio, quando milhares de fiéis deverão estar reunidos na cidade.
Um colosso de som, fé e história
Mais do que um instrumento litúrgico, o Vox Patris é uma escultura viva da história religiosa de Goiás. Seu corpo metálico abriga gravuras que retratam momentos marcantes da Romaria do Divino Pai Eterno, cuja origem remonta a 1840, quando os agricultores Constantino Xavier e Ana Rosa encontraram, ao lavrar o solo, um medalhão com a imagem da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria.
Segundo o artista plástico goiano Silvio Morais, que assina a arte do sino, o desafio foi transformar o bronze em narrativa:
“Eu criei cenas que contam desde o achado do medalhão, a construção do primeiro altar, da primeira capela, da atual Basílica e da nova que está sendo erguida. É um retrato da fé que resiste, cresce e ressoa.”
A obra foi fundida na histórica Fundição Jan Felczynski, na Polônia, uma das mais antigas do mundo ainda em atividade, com mais de dois séculos de tradição. A mesma fundição produziu sinos para igrejas históricas da Europa e da América Latina.
“Um mensageiro de fé”, diz reitor da Basílica
Para o reitor da Basílica, Padre Marco Aurélio, o Vox Patris é símbolo e mensagem, não objeto de veneração.
“Este sino é um mensageiro, como eu sou, como todos nós somos. Ele eterniza um momento de fé que une gerações e romeiros. Não é um ídolo, mas uma voz que ecoará os anseios do povo de Deus”, disse.
O projeto da nova Basílica de Trindade, que deverá acolher o Vox Patris em uma torre especialmente projetada para suportar sua estrutura, é um marco da modernidade e da tradição religiosa. A construção, em andamento, visa ampliar a capacidade de acolhimento dos fiéis durante as grandes celebrações, que chegam a reunir mais de 3 milhões de pessoas por ano.
Documentário e transmissão ao vivo
A Afipe confirmou que o transporte do sino será documentado em vídeo e que a chegada em Trindade contará com transmissão ao vivo nas redes sociais e na TV Pai Eterno. Espera-se que o evento movimente fiéis de todas as regiões do Brasil, que veem no sino um símbolo do tempo, da memória e da oração comunitária.
O sino que fala ao coração do povo
Em tempos de ruídos e incertezas, o Vox Patris é mais do que metal fundido: é um eco de fé ancestral. Com sua sonoridade profunda e presença imponente, ele se prepara para soar, pela primeira vez, no solo goiano — não apenas com sua voz de bronze, mas com a vibração espiritual de um povo que, há quase dois séculos, repete em uníssono:
“Divino Pai Eterno, tende piedade de nós.”
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