Violência sem trégua: homem é morto a pauladas em disputa por celular defeituoso e possível ciúme em Goiânia
Vítima de 47 anos foi espancada até a morte por ao menos oito homens no Setor Recanto do Bosque. PM aponta dívida por drogas, ciúmes e rixas anteriores como possíveis causas. Quatro agressores foram presos; vídeo mostra a brutalidade do crime.
Um crime brutal chocou moradores do Setor Recanto do Bosque, na região Noroeste de Goiânia, nas primeiras horas deste domingo (18). Um homem de 47 anos, cuja identidade não foi revelada oficialmente até o fechamento desta reportagem, foi espancado até a morte com pedras, pauladas e agressões físicas múltiplas. O ataque teria sido motivado por uma dívida relacionada ao tráfico de drogas, agravada por desentendimentos interpessoais e, possivelmente, por um episódio de ciúmes.
Imagens de uma câmera de segurança, já em posse das autoridades, mostram o momento em que a vítima é encurralada na calçada por um grupo de pelo menos cinco agressores — um deles armado com faca e outro chegando em uma motocicleta. O homem tenta se defender com um pedaço de madeira, mas é claramente superado. Em uma tentativa desesperada de intervir, sua esposa aparece nas imagens, mas é contida pelos agressores. A vítima corre, é perseguida, alcançada e, segundo a Polícia Militar, morta com extrema violência em uma via pública.
Segundo o tenente Igor Oliveira, do 13º Batalhão da Polícia Militar, as investigações preliminares apontam que a vítima teria adquirido entorpecentes e quitado a dívida com um aparelho celular, que apresentou defeito posteriormente. Inconformado, o suposto traficante teria articulado uma emboscada com outros sete comparsas.
Dívida, ciúmes e histórico criminal: um coquetel fatal
“Foi verificado no decorrer das diligências que oito indivíduos participaram do crime. A vítima estaria ingerindo bebida alcoólica, usando drogas e, em determinado momento, teve uma crise de ciúmes com sua esposa, partindo para cima de alguns dos agressores, o que pode ter precipitado o ataque fatal”, detalhou o tenente, que também não descartou o envolvimento anterior da vítima em confusões no bairro.
Quatro dos suspeitos foram localizados nas proximidades ainda na madrugada e encaminhados à Central de Flagrantes. Um deles já possui histórico por homicídio e faz uso de tornozeleira eletrônica. Outros têm passagens por crimes como roubo e receptação. A identidade dos presos não foi divulgada pela Polícia Civil, que agora assume a investigação para apurar a motivação exata e responsabilizar os demais envolvidos.
Um retrato da marginalização e da impunidade
O crime brutal evidencia a espiral de violência alimentada pela marginalização, pela ausência de políticas públicas eficazes e pela precariedade da segurança em áreas vulneráveis de Goiânia. A morte do homem, ocorrida em plena rua e filmada em tempo real, expõe um cenário em que a justiça paralela e o medo ditam as regras.
Moradores do Recanto do Bosque relatam, sob anonimato, que disputas por pontos de venda de drogas e conflitos interpessoais vêm se intensificando na região. “Aqui é cada um por si. A polícia passa, mas depois some. E os caras voltam”, disse um comerciante local.
A Polícia Civil deve ouvir testemunhas e requisitar novas imagens de câmeras próximas. A Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH) também irá requisitar laudos periciais para esclarecer as circunstâncias exatas do crime e confirmar se houve, de fato, motivação por ciúmes.
Justiça e prevenção: o desafio estrutural
O caso levanta mais uma vez o debate sobre a necessidade urgente de políticas integradas de combate ao tráfico de drogas, reabilitação de dependentes químicos e ações efetivas de pacificação em comunidades vulneráveis da capital. Enquanto isso, mais uma vida se perde, mais famílias são marcadas pela dor, e mais um crime se insere nas estatísticas crescentes da violência urbana em Goiás.
A reportagem segue acompanhando o caso e atualizará as informações assim que houver novos desdobramentos.
Tags: #Goiânia #ViolênciaUrbana #Crime #Polícia #Drogas #Homicídio #SegurançaPública