Vice-prefeita de Goiânia segue em curso sobre Segurança Pública em Israel, sob risco de novos ataques: “Vivemos entre aulas e alertas”
Em meio ao conflito que se intensifica no Oriente Médio, Cláudia Lira relata rotina sob tensão em Kfar Sava, a 15 km de Tel Aviv, onde aulas são interrompidas por sirenes e deslocamentos para bunkers se tornam parte do cotidiano.
Em pleno curso internacional sobre Segurança Pública, a vice-prefeita de Goiânia, Cláudia Lira (Avante), vive na prática os desafios do tema. Ela participa de uma formação oferecida pela Agência Israelense de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (MASHAV), sediada na Universidade Beit Berl, localizada na cidade de Kfar Sava, a apenas 15 km de Tel Aviv — uma das áreas que voltou a ser alvo de ameaças neste novo ciclo de escalada militar entre Israel e grupos armados na Faixa de Gaza e no Líbano.
Em entrevista exclusiva, Cláudia relatou que os alunos precisaram interromper uma das aulas neste domingo (15), após o acionamento de um alarme de segurança antiaéreo. “Ao soar o alarme, todos devem correr para o bunker mais próximo. Seguimos atentos e em segurança, tentando viver na normalidade possível.”
Ela embarcou para Israel em 9 de junho, com retorno inicialmente previsto para o dia 21, mas o agravamento da tensão no país coloca em dúvida a possibilidade de voltar no prazo.
“Estamos seguindo todos os protocolos recomendados. Os israelenses têm uma estrutura muito bem montada de defesa civil. Isso nos dá confiança, embora o ambiente geral seja de tensão permanente.”
Curso sob risco real
A formação promovida pela MASHAV reúne lideranças e gestores públicos de diversos países para debater estratégias modernas de prevenção, gestão de crises, combate ao crime e enfrentamento ao terrorismo, tema que tem implicações diretas para a segurança urbana de cidades brasileiras. A Universidade Beit Berl é reconhecida por oferecer capacitações em segurança com forte base técnica e experiências práticas — ironicamente, vividas em tempo real nesta edição.
Além de Cláudia Lira, também estão em Israel o secretário estadual de Saúde de Goiás, Rasível Santos, e o secretário de Agricultura, Pedro Leonardo Rezende, ambos em missão oficial iniciada no último dia 7 de junho pelo Consórcio Brasil Central (BrC), formado por sete estados do Centro-Oeste e Norte do país. Eles participam de agendas técnicas nas áreas de saúde, agronegócio, tecnologia e inovação.
“Viemos para aprender com a expertise israelense, mas o cenário nos surpreendeu. Tivemos nosso voo de volta cancelado por motivos de segurança. Por enquanto, não há nova previsão de retorno ao Brasil”, informou Pedro Leonardo, de Tel Aviv, onde os dois secretários estão hospedados.
O conflito e o alerta constante
A nova onda de tensão na região começou em 13 de junho, com ataques de foguetes vindos do sul do Líbano, e a possibilidade de uma operação terrestre de Israel em Rafah, extremo sul de Gaza. Desde então, as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificaram bombardeios, e o sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro (Iron Dome) voltou a ser acionado com frequência.
Embora Kfar Sava não esteja na linha de frente, sua proximidade com Tel Aviv torna a cidade vulnerável aos ataques de longo alcance. A cada novo alarme, moradores e estrangeiros são orientados a buscar abrigos subterrâneos, que fazem parte da estrutura civil instalada em áreas residenciais e institucionais.
Diplomacia e repatriação
O Itamaraty, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, acompanha a situação de perto. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que está em contato com autoridades brasileiras presentes no país e avalia ações de apoio para garantir o retorno em segurança, caso a situação se agrave.
“Mantemos contato diário com os participantes da missão. Até o momento, todos estão seguros e seguem as orientações locais. O governo brasileiro está preparado para atuar em caso de necessidade de repatriação emergencial”, afirmou fonte diplomática ouvida sob anonimato.
Entre a aprendizagem e a tensão
Apesar do cenário adverso, Cláudia Lira reforça o compromisso com o propósito da viagem. “A experiência que estamos vivendo aqui, mesmo em meio ao conflito, tem sido de enorme aprendizado — não apenas acadêmico, mas humano. Estamos vendo de perto como uma sociedade lida com a ameaça constante e, ao mesmo tempo, não paralisa. Isso é valioso para qualquer gestor público.”
Enquanto os alarmes continuam a soar, a vice-prefeita de Goiânia segue suas aulas e atualizações de segurança, sempre de mochila pronta — com documentos, água, celular e o essencial para correr até o próximo bunker. A normalidade, por ora, tem prazo de validade indefinido.
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