Transição turbulenta em Goiânia: Mabel busca conciliação em meio a impasses e falta de dados completos
Equipe de Sandro Mabel enfrenta lentidão na entrega de informações pelo Paço Municipal e avalia ações mais firmes caso cenário não melhore até sexta-feira. Atual gestão nega irregularidades.

A transição de governo em Goiânia, marcada por reuniões temáticas entre as equipes do atual prefeito, Rogério Cruz (SD), e do eleito, Sandro Mabel (UB), tem enfrentado desafios que vão além do planejamento usual. A falta de dados completos solicitados por Mabel para garantir um diagnóstico detalhado das secretarias municipais gerou desconforto, reforçando a insatisfação entre os membros da equipe de transição do novo governo.
Na reunião desta segunda-feira (2), no Paço Municipal, foram discutidas as ações de órgãos como a Procuradoria-Geral do Município (PGM), o Procon Goiânia, a Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) e a Agência de Regulação (AR). No entanto, a apresentação de balanços, em vez da entrega de dados solicitados, tem sido criticada. Paulo Ortegal, coordenador da equipe de Mabel, afirmou que os pedidos feitos por ofício ainda não foram atendidos integralmente, impactando o planejamento do novo governo.
“O ritmo está lento. Solicitamos que certos contratos, como o de georreferenciamento, sejam suspensos até que possamos avaliá-los em detalhes. Estamos aguardando, mas caso a situação persista, acionaremos o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO)”, declarou Ortegal.
Os pontos críticos
- Foco em balanços:
A equipe de transição critica o que chamou de “campanha de marketing” nas reuniões. Em vez de informações técnicas e estruturais detalhadas, a atual gestão tem priorizado um balanço geral das ações realizadas nos últimos quatro anos. - Dificuldades de acesso:
Segundo Ortegal, algumas solicitações específicas, como a avaliação de contratos e informações sobre programas, ainda não foram atendidas. A demora pode comprometer a elaboração de um relatório final que será apresentado ao TCM-GO. - Conflitos recentes:
Um dos embates envolve a publicação de um decreto pelo prefeito Rogério Cruz, que desconsiderou emendas articuladas por Mabel no Refis 2024. Embora o grupo do eleito tenha evitado confronto direto, membros da Câmara Municipal reagiram propondo a suspensão do decreto.
Resposta da gestão atual
O secretário municipal de Governo, Jovair Arantes, negou dificuldades na entrega de informações, afirmando que os dados estão disponíveis no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e que os atrasos em questões pontuais são naturais em transições complexas.
“O detalhamento de algumas demandas exige tempo, mas está sendo resolvido. Estamos conduzindo o processo com transparência e normalidade”, disse Arantes em entrevista à CBN Goiânia.
Apesar do tom conciliador adotado publicamente, o clima entre as equipes ainda é de cautela. Mabel, em entrevista coletiva, buscou minimizar os atritos e elogiou a boa vontade dos envolvidos, mas destacou que espera avanços mais significativos nos próximos encontros.
Próximos passos e impacto político
Com a expectativa de finalizar a transição até sexta-feira (6), a equipe de Mabel mantém a possibilidade de formalizar reclamações ao TCM-GO, caso as pendências não sejam resolvidas. Enquanto isso, o prefeito eleito já planeja iniciar uma reforma administrativa assim que assumir o cargo em janeiro.
O desfecho desse processo poderá ter implicações para ambos os lados. Para Cruz, a entrega incompleta do relatório de transição pode gerar problemas na prestação de contas de seu mandato. Para Mabel, os atrasos podem dificultar a implementação imediata de seu plano de governo, mas também podem fortalecer seu discurso de renovação administrativa.
A transição em Goiânia evidencia os desafios de uma troca de gestão em um cenário político marcado por divergências. Enquanto o tom conciliador de Mabel busca conter os ânimos, os atrasos e resistências indicam que os próximos dias serão decisivos para o futuro administrativo da capital.
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