Tragédia na BR-070: Jovem morre a caminho do trabalho após colisão com guard rail em Itaberaí

Lucas Felipe, de 21 anos, perdeu o controle da motocicleta e não resistiu ao impacto. Natural de Itauçu, ele seguia para mais um dia de jornada em Itaberaí, onde trabalhava como auxiliar de produção. O caso reacende debate sobre segurança de motociclistas e precariedade das vias na região noroeste de Goiás.

O dia amanheceu com tristeza para familiares, amigos e colegas de trabalho de Lucas Felipe de Oliveira Silva, de apenas 21 anos, que perdeu a vida tragicamente na manhã desta terça-feira (8), após sofrer um grave acidente de motocicleta no perímetro urbano da BR-070, nas proximidades da entrada de Itaberaí, no noroeste de Goiás.

Segundo informações confirmadas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, o jovem estava sozinho no momento do acidente, por volta das 6h30, quando perdeu o controle da motocicleta e colidiu com violência contra o guard rail da rodovia, em um ponto considerado crítico por moradores e motoristas que circulam pela região. Quando os socorristas chegaram ao local, Lucas já estava sem sinais vitais.

A Polícia Civil de Goiás, por meio do delegado Khalil Nogueira, confirmou que imagens de câmeras de segurança captaram o momento do impacto e serão analisadas para esclarecer as circunstâncias exatas do acidente. A principal hipótese é de que o jovem possa ter perdido o controle do veículo por conta de desníveis no asfalto ou possível pista molhada, fatores comuns no trecho que, segundo denúncias anteriores, carece de manutenção adequada e sinalização visível, especialmente nas primeiras horas do dia.

Um jovem marcado pela responsabilidade e pela esperança

Lucas era natural de Itauçu, cidade a cerca de 40 quilômetros de Itaberaí, e diariamente percorria o trajeto entre as duas cidades para trabalhar como auxiliar de produção em uma empresa local. Por vezes, enfrentava dificuldades com o transporte coletivo e, segundo amigos próximos, optava por usar a motocicleta mesmo quando não se sentia plenamente bem — como ocorreu no dia do acidente.

Em entrevista concedida ao G1 Goiás, a amiga e ex-colega de trabalho Amanda Costa descreveu Lucas como um jovem humilde, de poucas palavras, mas com “um brilho nos olhos e uma disposição rara para ajudar os outros”. Segundo ela, “Lucas trabalhava mesmo com febre. Se perdesse o ônibus, pegava a moto. Hoje, infelizmente, foi assim”.

O supervisor da empresa, Weverton Salles, reforçou o perfil responsável do rapaz, que sonhava com uma promoção e era conhecido pelo companheirismo e pela determinação. “Era um garoto exemplar, com sonhos simples, mas muita vontade de crescer. Nunca chegava atrasado, mesmo vindo de tão longe. Era daqueles funcionários que a gente sente falta não só pela produtividade, mas pela presença humana”, relatou emocionado.

Trecho da BR-070 apresenta riscos recorrentes

O local onde ocorreu o acidente é conhecido por ser um dos mais perigosos do acesso urbano à cidade de Itaberaí, com registros de acidentes semelhantes nos últimos anos. Apesar disso, não há barreiras de contenção com amortecedores de impacto, nem iluminação suficiente para motociclistas que trafegam ainda no início da manhã.

Especialistas em segurança viária afirmam que colisões com guard rails mal posicionados ou sem proteção adequada são extremamente perigosas para motociclistas, cuja exposição torna impactos como o sofrido por Lucas quase sempre fatais.

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET), motociclistas representaram mais de 32% das mortes no trânsito em Goiás em 2023, sendo que em 64% desses casos, o acidente ocorreu durante o deslocamento para o trabalho — revelando um padrão de vulnerabilidade social e estrutural para jovens como Lucas.

Um vazio difícil de preencher

Lucas deixa os pais, um irmão mais novo e amigos que o descrevem como alguém de “coração generoso” e “alma tranquila”. O velório ocorre nesta quarta-feira (9), em Itauçu, em clima de consternação. O corpo será sepultado no cemitério municipal da cidade, com previsão de cortejo às 10h.

Enquanto a família tenta lidar com a dor da perda precoce, o acidente de Lucas Felipe reabre uma ferida que insiste em não cicatrizar nas pequenas cidades do interior: a negligência com a segurança dos que mais dependem da estrada para sobreviver — jovens trabalhadores que, mesmo com dificuldades, persistem em seus trajetos diários em busca de dignidade.

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