Tiroteio em frente a distribuidora reacende debate sobre cumprimento da lei do fechamento em Goiânia
Dois homens foram baleados após discussão na madrugada deste domingo (2) em frente a um estabelecimento que operava fora do horário permitido. O caso expõe fragilidades na fiscalização e os riscos do consumo de álcool aliado à desordem noturna.
A madrugada deste domingo (2) foi marcada por um episódio de violência que reacende o debate sobre o cumprimento da Lei do Fechamento, em Goiânia. Dois homens, de 26 e 29 anos, foram baleados em frente a uma distribuidora de bebidas na Avenida Americano do Brasil, no Residencial Itaipu, região noroeste da capital. O local, segundo a legislação municipal, deveria estar fechado desde a meia-noite.
De acordo com as investigações preliminares, as vítimas teriam se envolvido em uma discussão com uma mulher que estava acompanhada de um empresário de 31 anos, proprietário de uma ferragista no Setor Jardim América. O desentendimento começou na fila do estabelecimento, que operava de forma clandestina, com atendimento restrito por um pequeno portão. Após a troca de palavras, o homem saiu de uma caminhonete Toyota Hilux e efetuou diversos disparos contra os dois rapazes.
As vítimas foram socorridas e levadas inicialmente ao CAIS do Residencial Itaipu, sendo posteriormente transferidas para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Ambas passaram por cirurgia e permanecem fora de risco de morte, segundo informações médicas.
O autor dos disparos fugiu do local, mas já foi identificado pela Polícia Civil. O empresário já havia sido autuado em 2019 por perturbação do sossego e participava, antes do crime, de um evento de som automotivo, de onde teria saído para comprar mais bebidas na distribuidora.
Contexto da legislação
A Lei Municipal nº 11.970/2024, sancionada em julho deste ano, restringe o funcionamento de distribuidoras de bebidas até meia-noite nos dias de semana e 2h da manhã nos finais de semana. A norma foi criada após um estudo da Polícia Militar de Goiás (PMGO) apontar que 43% dos homicídios registrados na capital ocorriam nas imediações desses estabelecimentos.
Desde a entrada em vigor da legislação, dados preliminares da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) indicam uma redução de até 50% nos casos de homicídios e tentativas envolvendo conflitos em distribuidoras. No entanto, o episódio deste fim de semana expõe fragilidades na fiscalização municipal e a persistência de funcionamento irregular, principalmente em regiões periféricas.
Reflexo da violência noturna
O caso no Residencial Itaipu volta a evidenciar um padrão recorrente: a associação entre consumo de álcool, desrespeito às normas e escalada de conflitos interpessoais. Para especialistas em segurança pública, a combinação de fatores — como a liberação clandestina de bebidas após o horário permitido e o porte ilegal de armas — continua a representar um dos principais gatilhos de violência urbana em Goiânia.
A Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) investiga o caso e deve ouvir testemunhas e funcionários da distribuidora nos próximos dias. O empresário suspeito segue sendo procurado.
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