Silvânia no centro da transição energética brasileira: Goiás sedia subestação do maior projeto de transmissão elétrica do país
Com investimento superior a R$ 18 bilhões, infraestrutura ligará Maranhão a Goiás em ultra-alta tensão, consolidando papel estratégico de Goiás na integração de matrizes renováveis e segurança do sistema elétrico nacional

Um marco na história da infraestrutura energética do país foi lançado nesta segunda-feira (30), em Goiás. A cidade de Silvânia, a 85 quilômetros de Goiânia, foi escolhida como sede de uma das subestações-chave do “Projeto de Ultra-Alta Tensão no Nordeste do Brasil”, iniciativa que representa a maior concessão de transmissão de energia já realizada no Brasil — com investimentos superiores a R$ 18 bilhões.
O ato simbólico do lançamento da pedra fundamental contou com a presença do governador em exercício de Goiás, Daniel Vilela, e de autoridades nacionais e internacionais, incluindo o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e executivos da State Grid Brazil Holding (SGBH), subsidiária da chinesa State Grid Corporation of China (SGCC), responsável pela execução do projeto.
“A instalação dessa subestação em Silvânia reforça o protagonismo energético de Goiás e nosso papel estratégico na segurança elétrica nacional”, destacou Daniel Vilela.
Projeto histórico e estratégico
A linha de transmissão terá 1.468 quilômetros de extensão, conectando a cidade de Graça Aranha, no Maranhão, à futura subestação de Silvânia, no coração do Centro-Oeste, passando ainda pelo estado do Tocantins. A obra será executada em corrente contínua e tensão de 800 kV (quilovolts) — padrão de ultra-alta tensão, inédito em projetos brasileiros dessa escala.
A estrutura permitirá o escoamento de energia gerada em usinas eólicas, solares e hidrelétricas do Nordeste, promovendo a diversificação e o equilíbrio das fontes no Sistema Interligado Nacional (SIN). A expectativa é de que a infraestrutura beneficie cerca de 12 milhões de pessoas, com conclusão prevista para 2029 e prazo de concessão de 30 anos.
O diretor-geral da SGID (State Grid International Development Limited), Yu Lei, afirmou que o empreendimento será conduzido sob o princípio do “ganho compartilhado”, com contratação prioritária de mão de obra local e aquisição de insumos nacionais, movimentando a economia regional.
“É uma obra de engenharia e cooperação internacional que vai muito além da transmissão de energia. Representa a consolidação de um modelo sustentável de desenvolvimento com benefícios diretos à população”, afirmou.
Integração energética e cooperação internacional
A escolha de Silvânia não é fortuita. Segundo especialistas em engenharia de redes, o município apresenta posição geográfica estratégica, com facilidade de conexão à Subestação Trindade (GO) e outros eixos de distribuição elétrica do Sudeste e do Centro-Oeste. Isso otimiza a fluidez energética e reduz perdas operacionais.
O projeto também fortalece a parceria Brasil-China em infraestrutura, particularmente no setor elétrico, onde a State Grid atua desde 2010 no país, sendo hoje a maior transmissora privada de energia no Brasil. A sinergia entre os dois países se traduz, neste caso, em tecnologia de ponta aplicada à descarbonização da matriz energética.
Para o vice-presidente Geraldo Alckmin, a obra vai além da geração de energia. “Estamos falando de um projeto que integra regiões, cria empregos — serão mais de 20 mil postos diretos e indiretos — e impulsiona a transição energética brasileira com fontes limpas e renováveis”, afirmou.
Goiás: polo de energia, logística e industrialização
Ao atrair um projeto dessa magnitude, Goiás reafirma sua vocação como hub logístico e energético, reforçado pela expansão de polos industriais e investimentos em infraestrutura. Segundo Daniel Vilela, a presença de grandes obras de engenharia no estado amplia a atratividade para novos negócios e projeta Goiás no centro das estratégias nacionais de crescimento sustentável.
“Com mais energia, temos mais capacidade produtiva, mais investimentos e, sobretudo, mais oportunidades para os goianos”, resumiu Vilela.
O prefeito de Silvânia, Carlos Mayer, celebrou o anúncio como um divisor de águas para o município. “É um dia que entrará para a história do nosso desenvolvimento. Silvânia não apenas será referência no setor elétrico, como também colherá frutos duradouros em geração de renda, formação profissional e infraestrutura urbana”, destacou.
Um salto técnico para o Brasil
O “Projeto de Ultra-Alta Tensão” foi licitado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em dezembro de 2023 e considerado pela autarquia como o mais relevante em escala e impacto estratégico desde a implantação do sistema interligado nacional. A nova linha se somará às estruturas já operadas pela State Grid, que hoje atende mais de 20% do volume de transmissão elétrica nacional.
Com execução técnica baseada em modelos internacionais — utilizados com sucesso na China e em países da Ásia —, a obra será pioneira no uso de corrente contínua com altíssima tensão no Brasil, permitindo o transporte de grandes volumes de energia a longas distâncias com eficiência inédita no país.
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