Segurança é assassinado com facada no peito após impedir entrada irregular em festa agropecuária em Bom Jesus de Goiás
Ariel Wesley Santos, de 23 anos, foi morto enquanto exercia sua função como segurança durante evento público. Suspeito foi preso em flagrante e responderá por homicídio qualificado. Caso expõe falhas na segurança de festas populares financiadas pelo poder público.

O jovem Ariel Wesley Santos, de apenas 23 anos, foi morto com uma facada no peito durante o exercício da sua função como segurança, na madrugada do último sábado (12/7), no Parque de Exposições de Bom Jesus de Goiás, no sul do estado. O crime ocorreu durante a realização da festa agropecuária organizada pela prefeitura do município, evento que atraiu grande público, mas que terminou marcado por uma tragédia brutal.
Segundo informações da Polícia Militar, Ariel tentou impedir a entrada irregular de um indivíduo no recinto da festa, o que gerou uma discussão. Minutos depois, o mesmo homem retornou ao local, alegando que queria se desculpar. Ao se aproximar do segurança, desferiu uma facada certeira no peito da vítima.
“A vítima ainda foi socorrida por uma equipe da Polícia Militar e levada ao Hospital Municipal, mas não resistiu ao ferimento e morreu logo após dar entrada na unidade”, informou o comando local da PM.
O agressor, cuja identidade ainda não foi oficialmente divulgada, foi detido em flagrante pela equipe do Batalhão Tiradentes, da Polícia Militar, ainda no local do crime. A faca usada no homicídio foi apreendida e encaminhada à perícia.
Prisão em flagrante e investigação
A ocorrência foi registrada como homicídio qualificado. O Auto de Prisão em Flagrante (APF) foi lavrado pelo delegado de plantão Felipe Soares Sala, da Delegacia de Itumbiara. A apuração do caso será conduzida pelo delegado titular de Bom Jesus de Goiás, Nicolas Alvarenga, que destacou a necessidade de uma investigação minuciosa, inclusive sobre eventuais falhas na segurança geral do evento.
“Esse tipo de crime, praticado em um espaço público, em meio a um evento promovido pelo poder público, exige uma resposta rápida, mas também criteriosa, para apurar responsabilidades além do autor direto”, disse um investigador ouvido pela reportagem sob condição de anonimato.
A prefeitura de Bom Jesus de Goiás foi procurada para comentar o ocorrido, esclarecer as condições da segurança contratada para a festa e informar se havia policiamento preventivo reforçado, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
Jovem trabalhador e dedicado
O crime gerou comoção entre familiares, amigos e colegas de profissão. Ariel era conhecido por ser responsável, educado e comprometido com seu trabalho na área de segurança, uma função que ele sonhava em exercer profissionalmente desde a adolescência, segundo relatos publicados nas redes sociais.
“Esse indivíduo tirou covardemente a vida do Ariel. Era um rapaz novo, respeitador, prestativo, um menino bom”, escreveu uma amiga.
“Muito triste. O sonho dele sempre foi trabalhar como segurança. E agora, no exercício dessa função, a vida dele foi ceifada de forma covarde”, lamentou outra internauta.
O velório de Ariel ocorreu ainda no sábado (12), e o sepultamento foi realizado neste domingo (13), sob forte comoção da comunidade local.
Falhas na segurança e estrutura de eventos públicos
O assassinato de Ariel reacende o debate sobre a precariedade da segurança em grandes festas populares organizadas por prefeituras. Especialistas ouvidos pela reportagem alertam para a fragilidade nos protocolos de revista, controle de acesso e planejamento preventivo para proteção dos profissionais da linha de frente, como seguranças, brigadistas e trabalhadores terceirizados.
“Em muitos desses eventos, há uma terceirização mal supervisionada da segurança. As equipes são subdimensionadas, muitas vezes mal treinadas, e isso se torna um fator de risco não só para o público, mas especialmente para os próprios seguranças, que atuam expostos, sem garantias reais de proteção”, analisa o consultor em gestão de eventos e segurança privada Carlos Emanuel Lopes, que já trabalhou em mais de 200 festas agropecuárias no Centro-Oeste.
A ausência de uma resposta institucional imediata por parte da prefeitura também levanta questionamentos sobre o planejamento e o gerenciamento de crises nesses eventos, que movimentam grandes volumes de recursos públicos, mas nem sempre garantem as condições mínimas de segurança para todos os envolvidos.
Justiça e responsabilização
Com a prisão do autor do crime, o processo criminal avança na esfera judicial. A expectativa agora é que o Ministério Público ofereça denúncia por homicídio qualificado por motivo fútil e com uso de meio traiçoeiro, o que pode levar a uma pena superior a 20 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado.
A família de Ariel, no entanto, cobra mais do que apenas a condenação do autor: quer respostas das autoridades locais sobre as condições de trabalho e segurança na festa patrocinada pelo poder público.
Enquanto isso, a cidade de Bom Jesus de Goiás tenta digerir a tragédia que interrompeu prematuramente a trajetória de um jovem trabalhador que apenas cumpria seu dever.
Fontes consultadas: Polícia Militar de Goiás, Polícia Civil de Goiás
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