Saneamento em Goiás: 36,9% da população ainda vive sem acesso à rede de esgoto, aponta estudo
Levantamento revela desafios no setor e aponta necessidade de maior investimento para universalização até 2033
Um estudo conduzido pela IFAT Brasil, em parceria com a Pezco Economics e a Resolux Company, revelou uma preocupante realidade sobre o saneamento básico em Goiás. Segundo o levantamento, 36,9% da população do estado não tem acesso à rede de esgoto, e 10,9% ainda não são atendidos por rede de água.
O estudo também aponta desafios estruturais, como a perda de 28,3% de água tratada nas redes de distribuição, e ressalta que apenas 60,3% do esgoto gerado no estado passa por tratamento adequado. Apesar disso, 93,4% do esgoto coletado é tratado, o que demonstra um desempenho mais eficiente na etapa final do processo.
Deficiências na infraestrutura urbana
Além dos dados sobre água e esgoto, o levantamento abordou outros aspectos de infraestrutura urbana em Goiás:
- Pavimentação e meio-fio: Cobertura em 78,1% das áreas urbanas.
- Drenagem urbana: Apenas 18,8% das vias contam com redes ou canais pluviais subterrâneos.
- Coleta de resíduos: Cobertura de 90,3% para coleta domiciliar.
Os números revelam um cenário de avanço desigual no desenvolvimento urbano, com setores como drenagem urbana ainda significativamente atrasados.
Investimentos no setor e o desafio da universalização
No Brasil, o marco regulatório do saneamento básico, sancionado em 2020, trouxe maior segurança jurídica e impulsionou investimentos no setor. De acordo com o levantamento, até 2040, o país deve receber cerca de R$ 387 bilhões em investimentos para expansão e modernização da infraestrutura de água e esgoto.
Para alcançar a universalização até 2033, Goiás precisará de recursos significativos, com o estado situado em uma região que recebe apenas 6% dos investimentos totais previstos, segundo a pesquisa.
Distribuição regional dos investimentos no Brasil:
- Sudeste: 41%
- Nordeste: 37%
- Sul: 12%
- Centro-Oeste: 6%
- Norte: 4%
O Sudeste e o Nordeste concentram a maior parte dos recursos devido à maior densidade populacional e melhor estrutura regulatória, enquanto o Centro-Oeste e o Norte enfrentam desafios adicionais pela menor quantidade de projetos e ritmo de crescimento populacional mais lento.
Impacto do marco regulatório e crescimento tecnológico
Desde a criação do marco regulatório, o setor de saneamento registrou avanços significativos, com destaque para o aumento do uso de debêntures incentivadas e a maior participação de empresas privadas. Atualmente, 267 empresas privadas atuam na gestão de água e esgoto, representando 5% do total de prestadores.
O marco também incentivou o desenvolvimento de tecnologias embarcadas em equipamentos, visando maior eficiência no fornecimento e tratamento de água e esgoto.
O desafio de Goiás: um caminho de transformação
Embora enfrente desafios estruturais no saneamento, Goiás pode se beneficiar de um ambiente mais favorável a investimentos nos próximos anos. Para isso, será necessário intensificar parcerias público-privadas (PPPs), ampliar a regulação regional e garantir que os projetos atendam às demandas específicas do estado.
Segundo especialistas, a melhoria do saneamento básico é fundamental não apenas para a saúde pública, mas também para o desenvolvimento econômico e social.