Relatório da Córrego Santa Bárbara revela recuo parcial da contaminação, mas aponta risco ambiental persistente
Análise técnica da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) mostra redução de poluentes após o desmoronamento de resíduos no lixão da Ouro Verde em Padre Bernardo, mas níveis de metais tóxicos e fósforo permanecem acima dos limites legais.

Um relatório técnico fornecido à Semad pela empresa Ouro Verde, dona do antigo aterro que cedeu sobre o Córrego Santa Bárbara, em Padre Bernardo, confirma que houve melhora nos índices de contaminação hídrica entre julho e setembro de 2025, mas alerta que a recuperação não está completa e que a área permanece vulnerável a riscos ambientais significativos.
Situação atual e origem do problema
O incidente teve origem no desmoronamento de uma pilha de resíduos do lixão da Ouro Verde, no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio Descoberto, que liberou volume estimado em mais de 60 mil m³ de resíduos no leito do córrego e áreas adjacentes.
As amostras analisadas pela Semad foram coletadas em quatro pontos de monitoramento (identificados como P2, P3 etc.), localizados abaixo da área do aterro, abrangendo trechos do Córrego Santa Bárbara e do afluente Rio do Sal.
Principais resultados e riscos persistentes
O relatório destaca que, apesar da retirada de cerca de 62,8 mil m³ de resíduos e outras medidas emergenciais (como escoamento controlado de lagoas de chorume, construção de bacia de contenção, instalação de barreiras), ainda se verificam concentrações que excedem os limites definidos pela Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005. Entre os destaques:
- Manganês oscilou até 5 mg/L, quando o limite ideal é 0,1 mg/L.
- Fósforo apresentou valores até seis vezes acima do limite legal (0,6 mg/L) — excedente que favorece o fenômeno da eutrofização, levando à queda de oxigênio na água.
- Oxigênio dissolvido caiu, em momento crítico após o acidente, para 0,8 mg/L — condição incompatível com a vida aquática.
Apesar da redução nos picos de contaminação — especialmente em setembro —, a Semad mantém proibido o uso das águas para irrigação ou dessedentação animal, por precaução.
Medidas recomendadas e desafios futuros
O documento advoga por monitoramento contínuo, sobretudo nas estações chuvosas, revisão de possíveis fontes secundárias de poluição, manutenção rigorosa das lagoas de chorume e das barreiras de sedimentos, além da realização de testes de toxicidade biológica para identificar novos episódios rapidamente.
A Ouro Verde está negociando com a Semad um aditivo ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para definir obrigações de médio e longo prazo.
Relevância local e impactos
O Córrego Santa Bárbara não abastece a população, mas é fonte de água para irrigações agrícolas e dessedentação de rebanhos. Sua contaminação pode repercutir na cadeia produtiva local, afetando solos, plantas, animais e, em última análise, a saúde humana.
Moradores da região relataram perdas de gado e impactos nos poços artesianos, o que evidencia o potencial socioeconômico do dano ambiental.
A situação em Padre Bernardo evidencia que, embora os primeiros sinais de recuperação ambiental sejam positivos, o processo está longe de estar encerrado. A atuação das autoridades ambientais, a empresa responsável e a comunidade local precisarão manter vigilância e compromisso constante para evitar retrocessos e garantir a restauração plena da qualidade da água e da integridade ecológica da bacia.
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