Redução recorde: Goiás apresenta queda de 48,8% no desmatamento, a maior desde 2001
Estado alcança 411,9 km² de área desmatada no Cerrado entre 2023 e 2024, graças a investimentos em fiscalização e parcerias com setor produtivo.
O Estado de Goiás registrou uma redução impressionante de 48,8% no desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse índice marca a maior queda percentual desde 2001 e é um resultado significativo do compromisso do estado com a preservação ambiental. Foram desmatados 411,9 km² de vegetação no Cerrado goiano, um valor bem abaixo dos 804,3 km² registrados no período de 2022/23. Goiás, assim, se consolida como o terceiro estado com maior redução percentual de desmatamento no bioma Cerrado.
A informação vem do sistema Prodes, que utiliza imagens de satélite para monitorar anualmente as áreas de desmatamento, e mostra que Goiás, atrás apenas do Distrito Federal e Bahia, conseguiu frear a destruição da vegetação nativa mais intensamente do que outros estados de grande área desmatada no país.
Estratégias de preservação e incentivo à legalidade
Para a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, a significativa redução do desmatamento é resultado de uma combinação de estratégias bem-sucedidas que vão além da mera fiscalização. Em 2023, o governo estadual realizou um concurso público para reforçar a fiscalização, contratando 100 novos servidores para a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Esse investimento em recursos humanos foi complementado por monitoramento por imagens de satélite, uma ferramenta que permite respostas rápidas a desmatamentos irregulares.
Segundo Vulcanis, outro fator crucial foi a redução dos prazos para aprovação de licenciamento ambiental. “Antes, processos de licenciamento ambiental levavam de três a quatro anos para serem finalizados; agora, esse prazo caiu para 45 dias”, explica a secretária. Essa agilidade oferece segurança jurídica e estimula os proprietários rurais a buscarem regularização.
Além disso, a secretária destacou novos programas como o Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) e o Sistema de Reposição Florestal (Reflor), que incentivam a preservação e a recuperação de áreas nativas, oferecendo remuneração para proprietários que adotem práticas sustentáveis.
Comparação com outros estados e série histórica
A performance de Goiás no combate ao desmatamento é especialmente relevante quando comparada com outros estados do Cerrado. A Bahia, com 63,3% de redução, e o Distrito Federal, com 72,2%, também apresentaram avanços expressivos. Em contrapartida, alguns estados como São Paulo, Paraná e Pará registraram aumento do desmatamento, com acréscimos de até 112,8%.
Em uma análise da série histórica, Goiás atingiu, em 2023/24, seu menor índice de desmatamento desde 2001. Este é um recorde notável para o estado, superando os índices baixos de 2019, quando o desmatamento ficou em 668 km², e de 2016, com 671,7 km².
Próximos passos para a preservação
As perspectivas para a manutenção e ampliação dessa queda no desmatamento em Goiás são positivas, conforme apontado pelo governador Ronaldo Caiado, que tem enfatizado a importância de conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. As políticas de preservação devem se intensificar com o fortalecimento do PSA e do Reflor, que buscam, respectivamente, remunerar os serviços ambientais e garantir o reflorestamento de áreas degradadas.
O compromisso do estado em manter o Cerrado preservado é uma conquista importante para a conservação da biodiversidade e para o combate às mudanças climáticas, especialmente em um dos biomas mais ameaçados do país. As ações inovadoras de Goiás podem servir de exemplo para outras regiões do Brasil que enfrentam desafios semelhantes, destacando que o desenvolvimento sustentável é possível com gestão eficiente, monitoramento tecnológico e incentivos ao setor produtivo.
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