Racha entre motociclistas quase provoca colisão frontal na BR-414, em Corumbá de Goiás
Vídeo revela manobra perigosa durante disputa ilegal de velocidade; PRF acompanha o caso e reforça fiscalização após riscos iminentes de acidente na rodovia federal.
Um vídeo registrado por um participante de um racha entre motociclistas de alta cilindrada quase flagrou uma tragédia iminente na BR-414, no trecho que corta o município de Corumbá de Goiás, na região do Entorno do Distrito Federal. As imagens, mostram três motociclistas trafegando em altíssima velocidade, sendo que um deles, ao sair de uma curva, quase colide frontalmente com outro motociclista que realizava uma conversão de faixa indevida, em clara infração às normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
O episódio evidenciou o risco extremo da prática de rachas em rodovias federais e reforçou a preocupação das autoridades com o aumento de comportamentos temerários envolvendo veículos de alta performance nas BRs que cortam Goiás. O motociclista que filmava a disputa chega a abaixar a câmera em reflexo ao susto provocado pela iminência da colisão.
PRF reforça monitoramento e liga o alerta para riscos contínuos
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou, por meio de nota oficial, que não foi acionada no momento do episódio, mas que tomou conhecimento do fato por meio da divulgação das imagens. A corporação classificou a prática como gravíssima, especialmente por envolver a condução em velocidade superior a 50% do limite permitido, conforme o artigo 218, inciso III do CTB, que prevê multa de R$ 880,41, sete pontos na CNH e suspensão do direito de dirigir.
A PRF também lembrou que o trecho já vem sendo alvo de ações intensificadas desde o início da Operação Cerberus, deflagrada em 2024 para reprimir práticas ilegais em motocicletas de alta cilindrada, especialmente nas BRs 060 e 414, onde reuniões clandestinas de motociclistas são recorrentes.
“Estamos atentos a esse tipo de prática criminosa que coloca em risco não só os envolvidos, mas todos os usuários da via. Continuaremos o patrulhamento ostensivo e o uso de tecnologia para coibir esses eventos”, afirmou o inspetor da PRF Fernando Ramos, responsável pela coordenação regional da operação.
Infrações acumuladas: racha, excesso de velocidade e direção perigosa
A situação retratada no vídeo revela a ocorrência de três infrações simultâneas, todas de natureza gravíssima:
- Participação em racha (Art. 173 do CTB), com penalidade de multa de R$ 2.934,70, suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
- Ultrapassagem em local proibido ou com risco iminente de colisão (Art. 203);
- Condução em velocidade superior a 50% da permitida, o que por si só já é causa de suspensão da CNH.
O motociclista que quase causou o acidente ainda praticou conversão irregular, agravando a situação. Especialistas em segurança viária alertam que a conjunção dessas infrações em uma única ação aumenta exponencialmente o risco de fatalidades.
Silêncio da concessionária e falta de fiscalização eletrônica
A Ecovias do Araguaia, concessionária responsável pela administração da BR-414, não se manifestou até a última atualização desta matéria, mesmo após questionamentos enviados pela reportagem quanto à existência de câmeras de monitoramento no local ou medidas preventivas em trechos conhecidos por rachas e manobras ilegais.
Apesar do crescente uso de drones e radares móveis pela PRF, a ausência de fiscalização eletrônica permanente em alguns trechos da BR-414 é uma das fragilidades apontadas por entidades de segurança no trânsito. Em entrevista à Rádio CBN Goiânia, o presidente do Instituto Goiano de Estudos em Mobilidade, Carlos Nascimento, afirmou que a falta de presença ostensiva do Estado favorece a atuação de grupos que se organizam pelas redes sociais para realizar corridas ilegais.
Histórico de acidentes e ações judiciais
A BR-414 já foi cenário de outros episódios envolvendo motociclistas em alta velocidade. Dados da PRF apontam que, apenas entre janeiro e junho de 2025, sete acidentes com motocicletas foram registrados no trecho entre Corumbá e Anápolis, três deles com vítimas fatais. Em 2023, um motociclista foi condenado por homicídio doloso eventual após matar dois ocupantes de um carro durante um racha na mesma rodovia.
Além das ações administrativas e penais previstas, a prática de rachas pode ensejar ações de responsabilidade civil, conforme jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já reconheceu o dever de indenizar em casos de acidentes causados por disputas ilegais.
Conscientização e responsabilidade coletiva
Organizações não-governamentais que atuam na prevenção de acidentes de trânsito cobram campanhas educativas direcionadas aos motociclistas de alta cilindrada e o fortalecimento da fiscalização em trechos conhecidos por “rachas”.
A presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, Vanessa Franco, defende o uso de tecnologia embarcada nos veículos, como limitadores de velocidade e telemetria via GPS, como forma de prevenir comportamentos de risco. “Não se trata apenas de punir. É necessário alterar a cultura da velocidade como status ou adrenalina. Cada vida poupada compensa o esforço”, afirmou.
Fontes consultadas:
– Polícia Rodoviária Federal (PRF)
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