7 de dezembro de 2025
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Protesto de enfermeiros no HCN pressiona Secretaria de Saúde por revisão de nova escala de trabalho

Profissionais denunciam que a proposta de mudança da jornada 12×36 para o modelo 6×1 pode comprometer a saúde física e mental das equipes. Secretaria Estadual de Saúde discute o caso com representantes do Coren-GO e do Sindicato dos Enfermeiros.
Manifestação é apoiada pelo Coren-GO e Sindicato dos Enfermeiros em protesto contra nova escala de 6×1 | Foto: Reprodução

O impasse sobre a nova escala de trabalho proposta para o Hospital Regional do Centro-Norte (HCN), em Uruaçu, chegou nesta quinta-feira (6) à Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO). O caso ganhou destaque após um protesto de enfermeiros e técnicos de enfermagem, realizado em frente à unidade na quarta-feira (5), em reação à proposta de substituição da tradicional escala 12×36 — 12 horas de trabalho por 36 de descanso — pelo regime 6×1, que prevê seis dias consecutivos de serviço e apenas um de folga, com turnos alternados ao longo do dia e da madrugada.

O movimento contou com o apoio do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) e do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (SIEG). Segundo informações oficiais do SIEG, a presidente da entidade, Dionne Hallyson, acompanhou a mobilização em Uruaçu, ouvindo as demandas das equipes e articulando um diálogo direto com a gestão hospitalar e o governo estadual.

De acordo com as lideranças sindicais, a alteração proposta representa um retrocesso nas condições de trabalho, com impacto direto sobre o descanso, a qualidade de vida e o desempenho profissional. A preocupação principal é o risco de exaustão física e mental, especialmente em um setor marcado por alta demanda assistencial e jornadas intensas.

“A escala 12×36 é amplamente utilizada na área da saúde por equilibrar a carga de trabalho com períodos adequados de recuperação. Reduzir o intervalo de descanso compromete a segurança dos profissionais e, consequentemente, a dos pacientes”, afirmou Dionne Hallyson em nota pública.


Gestão defende legalidade e viabilidade do novo modelo

Em resposta, o Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (IMED) — entidade responsável pela administração do HCN, do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin) e do Hospital Estadual de Formosa (HEF) — sustentou que a proposta está em conformidade com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Em nota, o IMED destacou que “tanto a jornada de 8 horas diárias quanto a de 12×36 estão previstas em lei, e a mudança de um modelo para outro é juridicamente válida”. A gestão também informou que a possível implantação do novo regime “ainda está em análise” e poderá ocorrer de forma gradual ou parcial, dependendo da avaliação de impacto e adesão das equipes.

A instituição acrescentou ainda que há “boa receptividade entre parte dos profissionais”, destacando o volume de currículos recebidos para vagas com escala de oito horas como sinal de aceitação do formato.

“O objetivo é aprimorar a organização do trabalho sem prejuízo aos colaboradores. Nenhuma decisão será tomada sem comunicação prévia e diálogo com as equipes”, completou o IMED.


Secretaria de Saúde intermedia debate e busca consenso

Com a intensificação do movimento, o tema foi encaminhado à Secretaria Estadual de Saúde, que convocou uma reunião às 11h desta quinta-feira para discutir alternativas e avaliar a pertinência da mudança. A pasta informou que pretende ouvir todos os lados — gestão, conselhos e trabalhadores — antes de deliberar sobre eventuais ajustes na proposta.

Fontes ligadas à SES-GO afirmam que a secretaria acompanha de perto o caso e considera essencial preservar a eficiência da unidade sem comprometer o bem-estar dos profissionais, especialmente em um hospital regional estratégico para o norte goiano.


Debate revela impasse entre gestão, legislação e realidade do trabalho

A discussão sobre a escala no HCN evidencia um dilema recorrente na gestão hospitalar brasileira: o equilíbrio entre cumprimento da legislação trabalhista e garantia de condições humanizadas de jornada para profissionais da saúde.

Especialistas consultados pela reportagem ressaltam que, embora o modelo 6×1 seja legalmente possível, ele pode se mostrar inadequado para contextos hospitalares de alta complexidade, nos quais o desgaste físico e emocional tende a ser mais intenso.

A mobilização em Uruaçu, portanto, vai além de uma disputa contratual — reflete a luta histórica da enfermagem por reconhecimento, descanso digno e valorização profissional.

Enquanto o diálogo segue, os enfermeiros aguardam que o governo estadual reconsidere a proposta e mantenha uma escala que respeite o limite humano do cuidado, preservando tanto a qualidade da assistência quanto a saúde de quem a presta.

Veja a nota completa:

“O Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento – IMED, responsável pela administração dos hospitais estaduais de Trindade (Hetrin), Formosa (HEF) e Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu, esclarece que foram publicados editais com o objetivo de contratar profissionais para atuação em escala de oito horas
diárias.

A escala de 8 horas diárias, assim como a de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, está prevista e amparada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Dessa forma, a mudança de um tipo de jornada para outro está plenamente dentro da legalidade.

Cabe destacar que muitos profissionais demonstram preferência por essa modalidade de jornada, o que é comprovado pelo expressivo número de currículos recebidos, evidenciando sua boa aceitação por parte de muitos trabalhadores.

De todo modo, a possível alteração das escalas ainda será objeto de análise, especialmente quanto à forma de sua implantação, que poderá ocorrer total ou parcialmente. Após essa avaliação, todas as equipes serão devidamente informadas sobre eventuais mudanças, no momento oportuno.

Assessoria de comunicação do IMED

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Marcus

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