Prisão em Goiânia revela ação clandestina: mulher era mantida em clínica por familiares para impedir disputa judicial
Seis pessoas são presas em operação da Polícia Civil que desarticulou esquema de sequestro e internação compulsória de mulher a mando da mãe e da irmã
Uma ação rigorosa da Polícia Civil de Goiás (PC-GO), culminada nesta quinta-feira (14), desmantelou um plano de sequestro e internação compulsória de uma mulher em uma clínica terapêutica de Goiânia, articulado pela própria mãe e irmã da vítima. Seis mandados de prisão preventiva e dois de busca e apreensão foram cumpridos durante a operação, que também resultou na suspensão das atividades da clínica, tratada como uma associação criminosa pelos investigadores.
Crime organizado dentro de família
A investigação começou em 7 de maio, após o registro do desaparecimento da vítima. As apurações levaram até a clínica onde ela estava internada à força — uma detenção incompatível com qualquer prescrição médica ou judicial. O esquema, conforme descrito pela PC-GO, configurou graves crimes de sequestro, cárcere privado qualificado e lesão corporal, e envolvia colaboração familiar para que a mulher fosse afastada da disputa por herança que tramitava na Justiça.
Clímax da operação
Durante a ação, a PC-GO identificou que o imóvel funcionava como uma instituição irregular, sem licença legal, voltada para ações coercitivas sob aparência de tratamento clínico. A prisão dos envolvidos trouxe à tona a força e a sofisticação do grupo criminoso, que agiu por motivos patrimoniais com total desrespeito aos direitos da vítima.
O panorama legal e humano
Internações involuntárias são legalmente permitidas apenas mediante decisão médica fundamentada — e, em muitos casos, mediante autorização judicial — sobretudo quando envolvem saúde mental ou dependência. Transferir ou manter alguém internado na condição de privação de liberdade exige observância estrita de normas como a Lei n.º 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e o Código de Ética Médica, o que claramente não ocorreu neste caso.
Por isso, o escopo da investigação, que hoje se debruça sobre familiares e operadores do esquema, demonstra o caráter aberrante da situação. A clínica não possuía respaldo legal e configurava um ambiente de detenção indevida, que fere a dignidade e a autonomia da pessoa internada.
Olhar à frente
Embora os envolvidos não tenham sido identificados publicamente — o que dificulta o acesso a suas defesas —, a Polícia Civil mantém canais abertos para que eventuais vítimas de casos semelhantes procurem apoio. A internação irregular, especialmente motivada por disputas familiares, representa uma faceta pouco explorada de violação de direitos civis e merece atenção das autoridades e da sociedade.
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