Prefeitura de Goiânia retoma mutirões com foco em serviços e aproximação com a comunidade: estrutura será mais enxuta e custo pode chegar a R$ 13,5 milhões
Inspirada na tradição das gestões de Iris Rezende, nova fase do programa terá sete edições a partir de agosto, com presença direta do prefeito e articulação entre secretarias, órgãos do Judiciário e governo estadual. Modelo privilegia eficiência, atendimento e racionalização de custos.

A Prefeitura de Goiânia prepara a retomada, em agosto, do programa de mutirões com foco ampliado em serviços públicos e contato direto com a população — em uma reedição modernizada da emblemática política pública consagrada nas gestões de Iris Rezende. Sob liderança do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), o projeto prevê sete edições, cada uma em uma das regiões administrativas da capital, com estrutura física para oferta de serviços municipais e interinstitucionais. A primeira edição ocorrerá no dia 16 de agosto, na Praça da Feira do Setor Morada do Sol, na Região Noroeste.
O investimento previsto pode chegar até R$ 13,5 milhões, conforme ata de registro de preços publicada no Diário Oficial do Município em 10 de junho, oriunda de pregão eletrônico realizado ainda na gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Republicanos), e posteriormente retificada para atender a determinações do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A ata contempla até 64 itens, incluindo montagem de tendas, sonorização, iluminação, mobiliário, sinalização visual, banheiros químicos, alimentação, rede de dados e até confecção de uniformes e coletes.
Reedição de uma marca política
A retomada não é apenas administrativa, mas também simbólica. O formato dos mutirões como política de aproximação entre governo e cidadão se consolidou em Goiânia a partir de 2005, na última passagem de Iris Rezende pelo Paço Municipal. A estratégia foi mantida nas gestões subsequentes, inclusive por Paulo Garcia (PT) e depois retomada por Rogério Cruz em 2021. Agora, a atual administração busca uma versão atualizada, com estrutura mais racional e funcionamento restrito a três dias: sexta, sábado e domingo até o meio-dia.
Segundo Josias Gonzaga, assessor especial de Sandro Mabel e ex-deputado estadual durante o governo Iris, o projeto final será apresentado ao prefeito no dia 26 de junho. “A orientação é montar uma estrutura funcional, mais enxuta, com foco na resolutividade dos serviços, sem desperdício. A ideia é que o prefeito esteja presente, despachando diretamente da região, dialogando com a população e destravando soluções”, explica.
Mudança de escopo: de limpeza a cidadania
Diferente dos mutirões de zeladoria realizados no primeiro semestre de 2025 — voltados à roçagem, poda de árvores e pintura de meio-fio —, os novos eventos terão escopo ampliado. Estão previstas ações de saúde, assistência social, regularização fundiária, orientações jurídicas, atendimento da Defensoria Pública, cadastro em programas sociais e serviços do Tribunal de Justiça de Goiás.
“Vamos sair do básico e avançar para aquilo que realmente transforma o cotidiano da população”, destaca Josias. A expectativa é que o mutirão funcione como um espaço multifuncional para serviços públicos, promovendo inclusão, regularização e acesso a direitos.
Estrutura e critérios de custo
Apesar do teto de R$ 13,5 milhões estipulado na ata, a Prefeitura enfatiza que esse valor representa apenas o limite máximo possível de contratação, e não uma despesa garantida. O próprio documento estabelece que a adesão aos itens é facultativa, e a gestão pode optar por utilizar apenas parte da estrutura, conforme necessidade e conveniência administrativa.
Segundo técnicos da Secretaria de Administração, a publicação da ata é uma medida preventiva para permitir agilidade na contratação dos serviços, respeitando os trâmites legais e os princípios da economicidade e da eficiência. “A execução dependerá do que for necessário em cada edição, e o objetivo é fazer um mutirão eficiente, funcional e proporcional à realidade orçamentária do município”, pontua nota oficial.
Coordenação direta e integração institucional
A concepção do projeto está sob responsabilidade direta do gabinete do prefeito, articulada por uma equipe técnica liderada por Josias Gonzaga e outros quatro assessores. A coordenação pretende envolver não apenas as secretarias municipais, mas também órgãos como o Governo do Estado, a Defensoria Pública de Goiás, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público.
A estratégia visa não apenas reforçar a presença institucional nos bairros, mas também reduzir a burocracia para acesso a serviços que muitas vezes exigiriam deslocamento a várias repartições. “Vamos levar o governo até o cidadão. O mutirão é uma solução de proximidade, capilaridade e eficiência”, sintetiza o assessor.
Próximas etapas e localidades
Após a primeira edição na Região Noroeste, as demais regiões — Norte, Leste, Sul, Sudoeste, Oeste e Central — também receberão os mutirões, com periodicidade quinzenal. As datas e locais específicos das próximas edições ainda estão em definição, mas a proposta é que cada evento funcione como um polo temporário de cidadania, serviços e escuta popular.
Análise e legado
A retomada dos mutirões sinaliza uma tentativa de revitalizar a identidade municipalista que marcou a política goianiense por décadas, especialmente sob a liderança de Iris Rezende. Ao atualizar o modelo para as demandas contemporâneas e limitar excessos orçamentários, a gestão Mabel busca equilibrar tradição e modernidade.
A grande incógnita, no entanto, será a capacidade de manter os princípios de austeridade e efetividade diante de um cenário fiscal desafiador, sem transformar os mutirões em peças meramente simbólicas. A estrutura enxuta e o foco em serviços diretos à população poderão funcionar como um termômetro para a efetividade da nova proposta.
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