Prefeitura de Goiânia e empresa divergem sobre uso de tinta antidengue de R$ 21,3 milhões
Saúde Mais defende eficácia do produto para locais críticos, enquanto Secretaria de Saúde questiona impacto e busca devolução de R$ 10,5 milhões.

A aquisição de 48 mil litros de tinta inseticida antidengue por R$ 21,3 milhões pela Prefeitura de Goiânia, durante a gestão anterior, tornou-se foco de debate entre a atual administração e a fornecedora, Saúde Mais. A empresa defende a eficácia do produto em locais críticos, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) questiona seu impacto e busca a devolução de parte do investimento.
Posicionamento da Saúde Mais
A Saúde Mais, sediada em Brasília, afirma que a tinta, desenvolvida na Espanha, é utilizada em mais de 70 municípios brasileiros e em outros países. Segundo a empresa, o objetivo não é eliminar os vetores em toda a cidade, mas “proteger locais críticos, como postos de saúde e hospitais, onde há grande circulação de pessoas”. A tinta age como uma barreira adicional, complementando outras estratégias de combate ao Aedes aegypti, como saneamento básico e eliminação de criadouros.
Intenção de Devolução pela SMS
A SMS, sob a gestão de Luiz Pellizzer, notificou oficialmente a Saúde Mais sobre a intenção de devolver cerca de 23,6 mil litros da tinta não utilizados, buscando o reembolso de R$ 10,5 milhões. A secretaria argumenta que, em uma cidade com mais de 668 mil imóveis, a aplicação do produto em 122 unidades de saúde teria impacto limitado na redução da transmissão de arboviroses. Além disso, a SMS destaca a atual crise financeira e a necessidade de realocar recursos para outras ações de combate à dengue.
Evidências Científicas e Estudos de Caso
A Saúde Mais apresentou estudos que atestam a eficácia da tinta. Um deles, realizado em 2021 pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), demonstrou resultados positivos. Além disso, artigos publicados em periódicos internacionais relataram a eficiência do produto em países como a Nigéria e em cidades brasileiras, como Manaus. Em Cabo Verde, na África, a aplicação da tinta resultou na redução significativa da presença do Aedes aegypti nas residências tratadas.
Debate sobre Estratégia e Investimento
A controvérsia destaca a importância de estratégias integradas no combate à dengue. Enquanto a tinta inseticida pode ser uma ferramenta útil em locais específicos, especialistas enfatizam que sua eficácia depende de uma aplicação abrangente e combinada com outras medidas preventivas. A decisão da Prefeitura de Goiânia de devolver parte do produto reflete preocupações sobre a relação custo-benefício e a necessidade de alocar recursos de forma eficiente em saúde pública.
A Saúde Mais permanece em diálogo com a SMS para resolver a questão e concluir os serviços previstos no contrato. Enquanto isso, a população é incentivada a continuar adotando medidas preventivas, como a eliminação de criadouros do mosquito, para auxiliar no controle da dengue na capital goiana.
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