Prefeitura anuncia devolução do Goiânia Ouro e aposta em novos espaços culturais
Gestão Sandro Mabel encerra contrato de locação do prédio histórico no Centro e afirma que parcerias com governo estadual e Sesc garantirão programação cultural sem custos adicionais.

A Prefeitura de Goiânia decidiu encerrar o contrato de locação do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, prédio histórico localizado no Centro da capital e inaugurado em 1969 como Cine Ouro. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de Cultura, Uugton Batista, que destacou a intenção de substituir o espaço por parcerias já firmadas com o governo estadual e o Serviço Social do Comércio (Sesc).
Segundo a Secretaria de Cultura, a medida busca reduzir gastos e atender recomendações do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que vinha cobrando adaptações de acessibilidade no edifício. O contrato de locação, no valor de R$ 28,7 mil mensais, venceu em setembro e será prorrogado até dezembro apenas para cumprimento da agenda de eventos já confirmados.
“Vamos trocar um local por quatro estruturas — o Teatro Goiânia, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, o Cine Cultura e o Sesc Centro — sem custo adicional para o município. Haverá mais qualidade e acessibilidade ao público”, afirmou Uugton.
Impasses e críticas
Apesar da justificativa oficial, a decisão gera questionamentos. Ivana Roriz, coproprietária da galeria que abriga o espaço, afirmou que não foi notificada formalmente e que os donos aguardavam a renovação do contrato por mais um ano. Para ela, a falta de acessibilidade não deveria justificar o fechamento.
“É um prédio histórico, construído em outra época, e que deveria ser valorizado pelo que representa. Em outros países, patrimônios similares seguem em uso mesmo com limitações estruturais. O Goiânia Ouro sempre acolheu pequenos artistas, escolas e universidades. Outros espaços maiores não abrem portas para esse público”, disse.
O espaço, sob gestão da Secult desde 2006, conta com um teatro de 291 lugares e um cinema para 217 espectadores. No site oficial da Prefeitura, é descrito como um equipamento criado para democratizar o acesso cultural e fomentar talentos locais.
Contexto urbano
A decisão ocorre em meio a anúncios do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) de revitalização da região central. Entre as medidas, estão a reforma da Rua 8, a desapropriação do Jóquei Clube e projetos para incentivar novas construções no Centro. No entanto, a devolução do Goiânia Ouro soma-se a outras perdas simbólicas, como a saída da Prefeitura do Grande Hotel, devolvido ao INSS após decisão judicial.
Enquanto a gestão municipal defende a medida como racionalização de gastos e modernização da oferta cultural, críticos temem que a capital perca um espaço de relevância histórica e simbólica para a cena artística goianiense.
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