Polícia prende prestadores de serviço suspeitos de desviar R$ 1,2 milhão de empresa de telecomunicações em Goiás
Esquema envolvia superfaturamento de notas fiscais e lavagem de dinheiro; Justiça determina bloqueio de R$ 3 milhões em bens dos investigados
Dois prestadores de serviços terceirizados foram presos preventivamente nesta terça-feira (29), suspeitos de liderar um sofisticado esquema de fraude que causou um prejuízo superior a R$ 1,2 milhão a uma empresa de telecomunicações com sede na Região Metropolitana de Goiânia. A operação, conduzida pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), também resultou na apreensão de documentos, dispositivos eletrônicos, comprovantes bancários e outros elementos que podem comprovar os crimes de estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
A identidade dos suspeitos não foi divulgada até o momento, mas, segundo fontes ligadas à investigação, os dois atuavam como intermediadores de contratos de instalação de cabos ópticos e fibras, manipulando valores e se beneficiando diretamente da diferença entre os preços reais e os superfaturados.
Como funcionava o golpe
De acordo com o inquérito, o esquema envolvia a contratação de profissionais terceirizados para serviços de infraestrutura e rede óptica. Os suspeitos combinavam com os prestadores valores inferiores aos oficialmente orçados, mas exigiam que fossem emitidas notas fiscais com valores inflacionados.
Após o pagamento integral pela empresa de telecomunicações, a diferença era transferida para contas controladas pelos próprios suspeitos ou empresas vinculadas a eles, configurando prática de lavagem de dinheiro. Os desvios ocorreram ao longo de meses e foram descobertos após uma auditoria interna identificar incoerências em pagamentos e contratações.
“Foi um esquema silencioso, com aparência de legalidade, mas que utilizava a própria estrutura da empresa para gerar desvio milionário”, explicou um dos investigadores.
Colaboração da empresa e decisão judicial
A própria empresa lesada denunciou as irregularidades à Polícia Civil após identificar sinais de fraude. O advogado da companhia, David Sores, afirmou que a organização “tem colaborado ativamente com as autoridades”, fornecendo documentação completa para viabilizar a apuração dos fatos.
Diante da gravidade dos crimes e do risco de continuidade das práticas ilícitas, o Poder Judiciário determinou a prisão preventiva dos envolvidos e o bloqueio de até R$ 3 milhões em bens pertencentes aos investigados e às empresas ligadas ao grupo.
“Esse tipo de crime corrói a estrutura interna das empresas e afeta a cadeia de confiança do mercado”, afirmou um especialista em compliance empresarial ouvido pela reportagem.
Impacto e próximos passos
Casos de fraude interna como esse são mais comuns do que se imagina. Segundo o relatório Global Economic Crime Survey 2024, da consultoria PwC, 43% das empresas brasileiras já relataram ter sofrido algum tipo de crime financeiro praticado por colaboradores ou parceiros terceirizados.
As investigações continuam com o objetivo de identificar se há outros envolvidos, especialmente entre prestadores beneficiados ou facilitadores do esquema. A Polícia Civil também analisa a documentação apreendida para rastrear a movimentação financeira dos investigados.
Até o fechamento desta reportagem, os advogados dos acusados não haviam sido localizados, e as identidades permanecem sob sigilo para não comprometer o andamento das diligências.
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