Polícia Intercepta 6 Toneladas de Agrotóxicos Contrabandeados em Silvânia: Carga Está Avaliada em R$ 2 Milhões
Operação do Graer, acionada por denúncia anônima, flagra comboio suspeito na GO-330; produtos falsificados colocariam em risco a saúde pública e o meio ambiente. Prisões revelam elo com rede internacional de tráfico de pesticidas.
Um esquema sofisticado de contrabando de agrotóxicos com possíveis conexões internacionais foi desarticulado na tarde de quinta-feira (12), após operação do Grupamento de Radiopatrulhamento Aéreo (Graer) na GO-330, próximo a Silvânia, a apenas 77 quilômetros da capital goiana. Com o apoio de denúncia anônima, a polícia interceptou um caminhão carregado com cerca de 6 toneladas de agrotóxicos contrabandeados, avaliados em mais de R$ 2 milhões, além de prender dois suspeitos e apreender uma Mitsubishi Pajero de placas bolivianas que fazia o trabalho de batedor da carga.
Entre os detidos está um boliviano naturalizado brasileiro, cuja função seria garantir que o comboio passasse sem ser abordado pela fiscalização. A apreensão é considerada uma das maiores da região nos últimos anos, não apenas pelo volume, mas pelo grau de risco ambiental e à saúde representado pelos produtos transportados.
Operação e flagrante
Segundo a Polícia Militar, os policiais do Graer patrulhavam a rodovia estadual após uma denúncia sobre a circulação de veículos suspeitos transportando carga ilegal. Ao localizar os dois automóveis parados no acostamento, os militares perceberam o nervosismo dos ocupantes, que manuseavam os galões de forma apressada.
Na abordagem, o motorista do caminhão apresentou uma nota fiscal eletrônica inválida, que constava como cancelada nos sistemas da Receita Federal. Já o condutor da Pajero afirmou que “não precisava de documentação específica”, mas o veículo estava com pendências legais e em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro.
A suspeita de falsificação aumentou quando os galões identificados com o selo de uma multinacional do setor agroquímico foram verificados. Consultada pela polícia, a empresa negou ter comercializado a carga. Especialistas da marca confirmaram a falsificação dos rótulos, indicando que o conteúdo dos recipientes era de procedência desconhecida.
Risco à saúde e ao meio ambiente
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, agrotóxicos falsificados representam uma ameaça gravíssima. Além de não cumprirem as normas técnicas e sanitárias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, podem conter substâncias tóxicas proibidas no Brasil, com efeitos imprevisíveis sobre o meio ambiente e os alimentos produzidos com sua aplicação.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) destaca que esses produtos ilegais geralmente escapam de qualquer controle de rastreabilidade, podendo contaminar solo, aquíferos, lavouras e prejudicar fauna e flora. Também há risco direto à saúde dos trabalhadores rurais e consumidores.
Esquema internacional em investigação
A Delegacia da Polícia Civil de Silvânia conduz a investigação, que já aponta para um esquema de contrabando com atuação internacional, envolvendo rotas que conectam Bolívia, Mato Grosso do Sul e Goiás. “Há indícios de uma rede bem estruturada, que opera com células logísticas dentro e fora do país, utilizando veículos em comboio e documentação fraudada para atravessar rodovias estaduais e federais”, afirmou um investigador que participa do caso.
Todos os materiais — galões, veículos, celulares e documentos — foram apreendidos e serão submetidos a perícia. A Polícia Técnico-Científica busca traçar a origem dos produtos e identificar demais envolvidos.
Repercussão
A ação recebeu elogios de ambientalistas e técnicos agrícolas da região, que há tempos denunciam o aumento do comércio de insumos sem origem definida. “É urgente coibir esse tipo de crime. O prejuízo é invisível à primeira vista, mas se espalha pela cadeia produtiva e pela saúde coletiva”, afirmou a agrônoma Juliana Moraes, pesquisadora da UFG.
O caso segue sob apuração, e os presos responderão por contrabando, crime ambiental, falsificação de produtos e associação criminosa, entre outros crimes previstos na legislação penal e ambiental brasileira.
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