Polícia Civil desmantela quadrilha especializada em fraudes eletrônicas em operação interestadual
Operação “Daemon” desarticula grupo que aplicava golpes de “Novo Número” em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, causando prejuízo de mais de R$ 100 mil.
Em uma ação conjunta que mobilizou as forças de segurança de dois estados, a Polícia Civil de Goiás, através da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul desmantelaram nesta quinta-feira (15) uma quadrilha especializada em fraudes eletrônicas. A operação, batizada de “Daemon”, resultou na prisão de quatro indivíduos e no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo.
O golpe: a artimanha do “Novo Número”
A investigação, que vinha sendo conduzida há meses, revelou que o grupo criminoso operava um esquema sofisticado de fraudes conhecido como “Novo Número” ou “Falso Familiar”. Nesse golpe, os criminosos criavam contas falsas em aplicativos de mensagens, utilizando números novos e replicando com precisão o nome, a foto de perfil e até o status das vítimas reais. Em seguida, entravam em contato com familiares e amigos das vítimas, alegando ter trocado de número e pedindo quantias em dinheiro “emprestadas” para resolver supostos problemas urgentes.
As vítimas, acreditando estarem ajudando um ente querido, realizavam transferências bancárias, que rapidamente eram desviadas para contas de “laranjas” ou sacadas pelos criminosos. A quadrilha, cujos membros residiam em Goiás, foi responsável por pelo menos nove fraudes confirmadas na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, resultando em um prejuízo estimado em mais de R$ 100 mil.
A operação: um golpe duro contra o cibercrime
Denominada “Daemon” em referência a entidades mitológicas e ao termo técnico que designa processos invisíveis operando em segundo plano em sistemas de computadores, a operação foi cuidadosamente planejada para atacar todos os níveis da organização criminosa. Com apoio de inteligência cibernética, a polícia identificou os principais envolvidos, monitorou suas atividades e reuniu provas que sustentaram os pedidos de prisão e de busca e apreensão.
Os mandados foram cumpridos simultaneamente nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, áreas onde os suspeitos operavam. A ação foi marcada pela apreensão de diversos equipamentos eletrônicos, como smartphones, computadores e cartões bancários, que serão submetidos à perícia para aprofundar a investigação.
O perfil dos criminosos: reincidentes no mundo do crime
Os integrantes da quadrilha desmantelada já possuíam antecedentes criminais significativos, incluindo registros por roubo, tráfico de drogas e estelionato. A reincidência dos suspeitos em práticas ilícitas evidencia a complexidade e a periculosidade do grupo, que utilizava métodos cada vez mais sofisticados para enganar as vítimas e escapar da detecção pelas autoridades.
Se condenados, os envolvidos poderão enfrentar penas de até 11 anos de reclusão, conforme prevê o Código Penal Brasileiro, pelos crimes de fraude eletrônica (Art. 171, § 2º-A) e associação criminosa (Art. 288). As penas podem ser agravadas devido ao caráter organizado e ao impacto financeiro das ações da quadrilha.
A operação “Daemon” serve como um importante alerta para a sociedade sobre os perigos das fraudes eletrônicas, que continuam a evoluir em sofisticação e alcance. A Polícia Civil ressalta a importância de verificar informações antes de realizar transferências financeiras, especialmente quando se tratar de pedidos inusitados feitos por familiares ou amigos através de aplicativos de mensagens.
A delegada responsável pela DERCC enfatizou que a colaboração entre as polícias estaduais foi fundamental para o sucesso da operação. “A cibercriminalidade não conhece fronteiras, e a cooperação interestadual é essencial para combater essas organizações que atuam em várias regiões do país. Continuaremos a trabalhar incansavelmente para proteger a população e levar esses criminosos à justiça”, afirmou.
Fontes:
- Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC)