Polícia Civil desarticula organização criminosa bilionária de desvio de cargas e prende líder foragido em Minas Gerais
Após quase três anos de investigação, operação em Goiás e Minas Gerais revela esquema sofisticado de fraudes em seguros, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e comércio ilegal de defensivos agrícolas.

A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Roubos de Cargas (Decar), prendeu no último domingo (24), em Pirapora (MG), quatro integrantes de uma das mais complexas organizações criminosas especializadas em desvio de cargas e fraudes milionárias no Brasil. Entre os presos está o líder do esquema, José Leonardo Ferreira Borges, que estava foragido desde julho, quando foi deflagrada a Operação Depositário Infiel.
A ação resultou ainda na captura de Isa Lara Godói Borges Rosa (filha do líder), André Dias Lemes Rosa (genro) e Victor Hugo Santos de Moura, apontado como um dos “laranjas” utilizados pelo grupo. Ao todo, desde o início da operação, 15 pessoas já foram presas, consolidando a maior ofensiva da PCGO contra este tipo de crime nos últimos anos.
Estrutura sofisticada e atuação interestadual
As investigações, conduzidas ao longo de quase três anos, revelaram um modus operandi altamente estruturado. A organização criminosa aliciava motoristas para desviar mercadorias de alto valor, forjava boletins de ocorrência para simular roubos e acionava seguradoras fraudulentamente.
As cargas eram revendidas com deságio de até 40% em relação ao valor de nota fiscal, armazenadas em galpões próprios ou de parceiros e, posteriormente, reinseridas no mercado formal a preços de mercado. Os ganhos milionários eram “lavados” por meio de uma rede de laranjas, incluindo familiares e funcionários de confiança, além de investimentos em construção civil e imóveis adquiridos em nome de terceiros.
Ramificações do esquema
O alcance da organização criminosa ultrapassava o desvio de cargas. A PCGO identificou ainda:
- Desvio e comercialização ilegal de cargas apreendidas;
- Fraude documental com laudos falsificados de defensivos agrícolas contrabandeados;
- Manipulação de sindicâncias em seguradoras, aproveitando a experiência do líder como vistoriador de sinistros;
- Tráfico interestadual de drogas, com apreensões de 220 volumes de cocaína avaliados em R$ 40 milhões e cerca de duas toneladas de maconha transportadas em veículos vinculados ao grupo.
Um dos principais articuladores do esquema, além do líder preso, já era alvo de grandes operações anteriores e acumulava passagens por roubo qualificado, furto qualificado, apropriação indébita e estelionato.
Base legal e transparência
A divulgação das identidades dos presos ocorreu conforme previsão da Lei nº 13.869/2019, da Portaria nº 547/2021 – PCGO e mediante despacho fundamentado da autoridade policial, em razão da possibilidade concreta de surgimento de novas vítimas e conexões criminosas.
Impacto econômico e social
De acordo com a PCGO, o esquema movimentava valores que podem chegar à casa do bilhão, somando prejuízos a empresas transportadoras, seguradoras e ao setor produtivo. A operação representa um marco na repressão a crimes de alta complexidade em Goiás e deve gerar novas fases investigativas para rastrear bens, identificar cúmplices e recuperar ativos ilícitos.
Segundo fontes ligadas à investigação, o objetivo agora é aprofundar o rastreamento patrimonial do grupo, que usava transferências pulverizadas e investimentos de fachada para mascarar a origem dos recursos.
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