Polêmica em Goiânia: Operação de Poda na Marginal Botafogo Gera Acusações de ‘Desmate’
Amma Autoriza Poda, Mas Comurg é Acusada de Extrapolar Limites e Remover Até Ipês Recém-Plantados.

Uma operação que deveria ser de rotina para a manutenção da vegetação na Marginal Botafogo transformou-se em um foco de discórdia e preocupação ambiental na capital goiana. A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) está sob forte crítica por supostamente ter extrapolado os limites de uma autorização concedida pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), resultando na remoção de um número alarmante de árvores – algumas delas recém-plantadas e vitais para a paisagem urbana.
O parecer da Amma, emitido para a intervenção, tinha como objetivo principal garantir a segurança na via de trânsito rápido, evitando a queda de galhos ou árvores. A liberação especificava a extirpação de leucenas, uma espécie exótica e de galhos frágeis, e a poda de manutenção ou remoção de galhos próximos à fiação. Além disso, previa a retirada total de árvores em fim de ciclo vital, ou seja, secas e mortas.
No entanto, a execução pela Comurg parece ter ido muito além do que foi acordado. Técnicos da própria Amma, que acompanharam o serviço na Marginal Botafogo, relataram que o corte excedeu o limite imposto pelo parecer técnico. A denúncia mais alarmante é a remoção de ipês, espécies nativas e valorizadas na arborização da cidade, que haviam sido plantados pela própria Amma no ano passado. Essa ação fazia parte de um ambicioso projeto de reflorestamento, iniciado em comemoração ao título de “Cidade Árvore do Mundo”, concedido pela FAO-ONU. Naquela época, cerca de 3,5 mil árvores foram plantadas ao longo dos 7,4 quilômetros da Marginal Botafogo, com espécies variadas como quaresmeiras, nó-de-porco e diferentes tipos de ipês, priorizando as não frutíferas para evitar acidentes com animais.
O Epicentro do ‘Desmate’ e as Justificativas
O trecho mais afetado pela remoção massiva de vegetação, especialmente no sentido norte-sul, concentra-se entre a Avenida Universitária, no Setor Universitário, e o Complexo Viário da Avenida Jamel Cecílio, no Jardim Goiás. Imagens e relatos indicam que, nesse trecho, praticamente todas as árvores foram removidas, inclusive mangueiras, contrariando a autorização que focava principalmente nas leucenas e espécies em final de ciclo.
Em nota oficial, a Amma reiterou que emitiu um laudo técnico autorizando “supressão e poda de árvores (exemplares exóticos e árvores em final de ciclo de vida) na região da Marginal Botafogo”. A agência afirmou que a execução do serviço é responsabilidade da Comurg e que “possui profissionais responsáveis pelo recebimento dos laudos e sua execução conforme recomendação da Amma”. A Amma também enfatizou que todo laudo de extirpação exige uma compensação com o plantio de novas mudas, e que, caso haja “supressão indevida por equívoco”, a Comurg será obrigada a realizar a compensação. Contudo, não há prazo definido para o replantio, nem detalhes sobre a quantidade ou as espécies a serem utilizadas.
A Comurg, por sua vez, defende-se, afirmando que a Amma autorizou a supressão de leucenas, palmáceas, e “exemplares mortos ou extremamente comprometidos, como exemplares de cajá-manga, mangueira, guapuruvu”, além da poda das demais árvores. A empresa nega categoricamente a retirada de ipês plantados no ano passado e informa que um levantamento preciso da quantidade de árvores extirpadas só será possível após a conclusão dos serviços.
O incidente lança luz sobre a necessidade urgente de maior alinhamento entre os órgãos municipais e de uma fiscalização mais rigorosa na execução de serviços que impactam diretamente o patrimônio ambiental da cidade. A comunidade aguarda explicações e, mais importante, ações concretas para reparar o dano causado à arborização de uma das principais vias de Goiânia.
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