PM é exonerado após apuração confirmar empréstimo de arma em homicídio ocorrido em Aparecida de Goiânia
Decisão administrativa encerra processo disciplinar sobre a conduta de oficial que entregou pistola à então namorada, autora confessa do crime registrado em frente a boate

A Polícia Militar de Goiás concluiu e publicou a exoneração de um oficial envolvido em um dos casos criminais mais sensíveis registrados em Aparecida de Goiânia nos últimos anos. O ato administrativo, divulgado em diário oficial nesta sexta-feira, formaliza a demissão do então capitão da PM que, segundo apuração interna e investigação criminal, emprestou sua arma de fogo à namorada, utilizada para matar uma jovem em frente a uma boate no bairro Nossa Senhora de Lourdes.
O episódio ocorreu em 2020 e teve ampla repercussão pela gravidade dos fatos e pela participação direta de um agente público armado. Conforme os autos, após um desentendimento entre duas jovens, Nayara Lopes Palmeira dos Santos, à época com 19 anos, efetuou o disparo que matou Kathleen Lorrane Carvalho, de 21, no local. As duas mantinham relação de amizade e haviam morado juntas por cerca de três anos.
Durante o inquérito, o então policial afirmou que teria cedido a arma em razão de um suposto risco imediato, alegando que a namorada teria mencionado que a vítima portava uma faca. Ele disse não ter visto qualquer arma branca. No entanto, imagens de câmeras de segurança contradisseram essa versão, registrando o momento em que o oficial entrega a pistola diretamente nas mãos de Nayara, após ela pedir o armamento de forma explícita.
As gravações foram decisivas tanto para o inquérito conduzido pelo Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) quanto para o processo administrativo disciplinar instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar. Após receber a arma, Nayara se afasta correndo; a vítima morre no local. Em seguida, a autora deixa a cena acompanhada do então namorado.
As investigações apontaram que o conflito entre as jovens vinha se intensificando nas semanas anteriores ao crime, motivado por desavenças financeiras relacionadas a dívidas da época em que dividiam moradia. À polícia, o delegado responsável destacou que as discussões recorrentes criaram um ambiente de tensão que culminou no homicídio.
Do ponto de vista institucional, a Polícia Militar informou, ainda em 2020, a abertura imediata de procedimento para apurar a conduta do oficial, ressaltando que o porte funcional de arma impõe deveres rigorosos de responsabilidade, legalidade e autocontenção, incompatíveis com a cessão do armamento a terceiros.
A exoneração agora publicada representa o desfecho administrativo do caso no âmbito da corporação, independentemente das responsabilidades penais já analisadas pela Justiça comum. Até a última atualização, a defesa do ex-policial e da autora do crime não havia se manifestado.
O caso segue como referência nos debates sobre controle de armamento funcional, protocolos de conduta de agentes de segurança fora do serviço e os limites éticos e legais do porte de arma por servidores públicos armados.
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