PF deflagra Operação Ita Yubá contra esquema de R$ 200 milhões em ouro e pedras preciosas ilegais
Organização criminosa fundia minérios extraídos clandestinamente e abastecia joalherias; ação abrange Goiás, DF e mais sete estados.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 12, a Operação Ita Yubá, que visa desmantelar uma complexa rede de extração, fundição e comercialização ilegal de ouro e pedras preciosas, movendo cerca de R$ 200 milhões. Foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. A ação integra uma sequência de operações que já revelaram esquemas semelhantes de grande escala.
Estrutura do esquema
A investigação, que teve início com a Operação Sólidos há cerca de dois anos, identificou garimpos clandestinos em leitos de rios no norte de Goiás. A partir da análise de celulares e documentos apreendidos, foi possível descobrir uma rede que adquiria ouro extraído irregularmente, fundia o minério em laboratórios clandestinos e vendia barras a empresas do setor de joias, sobretudo em São Paulo. O lucro era convertido em lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Foram localizados laboratórios com equipamentos de fusão em Goiás e um desativado no Tocantins, evidência da organização das operações. A Polícia Federal também constatou a venda irregular para joalherias e a ausência de licenciamento ambiental ou autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Abrangência geográfica da operação
Os mandados foram cumpridos nas seguintes localidades:
- Pará: Capanema, Cumaru do Norte
- Maranhão: Luís Domingues
- Mato Grosso: Pontes e Lacerda
- Tocantins: Palmas
- Goiás: Goiânia, Senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Uruaçu
- Minas Gerais: Uberlândia
- São Paulo: São José do Rio Preto
- Distrito Federal: Brasília
Contexto e precedentes
O esquema desarticulado pela Ita Yubá se soma a outras ações de grande impacto contra o garimpo ilegal. Em 2024, a PF e a Receita Federal deflagraram a Operação Pirâmide de Ouro, que combateu o comércio irregular no Pará, Amazonas, Rondônia e Paraná, com prejuízos estimados em mais de R$ 1 bilhão.
Em 2023, a Operação Ouropel investigou empresas suspeitas de movimentar cerca de R$ 10 bilhões em ouro extraído ilegalmente da Amazônia Legal, o que evidenciou prejuízos socioambientais significativos.
Em 2024, a Operação Flygold II revelou que grupos criminosos transferiram ilegalmente minérios da Terra Indígena Munduruku, movimentando mais de R$ 4 bilhões e permitindo o transporte do metal por bagagens transportadas por estrangeiros.
Significado e impacto
A Operação Ita Yubá reforça a presença contínua de estruturas criminosas sofisticadas no comércio ilegal de ouro no país — com ramificações ambientais, financeiras e iniciais de branqueamento do minério. Esses esquemas frequentemente envolvem “noteiras” (empresas que emitem notas fiscais fraudulentas), DTVMs (instituições financeiras que legalizam o ouro ao assumirem a “boa-fé” como condição), e laboratórios clandestinos de fusão.
Nas investigações anteriores sobre garimpo ilegal, como no caso da Gana Gold, a PF estimou que o impacto ambiental chegava a R$ 300 milhões, com contaminação por mercúrio, desmatamento e assoreamento de cursos d’água.
Perspectiva jurídica
Com a Operação Ita Yubá, a Polícia Federal busca comprovar os crimes de usurpação de bens da União, extração ilegal de recursos minerais, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. As provas advêm de mandados judiciais, interceptação de comunicações, perícia em dispositivos eletrônicos, documentação fiscal e apreensões em laboratórios e veículos.
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