Pescadores Resgatam Botos Encalhados em Banco de Areia no Lago de Luiz Alves
Animais foram salvos por moradores locais, enquanto especialistas da Semad e WWF monitoram a situação crítica no norte de Goiás
Um incidente que poderia ter terminado em tragédia mobilizou pescadores e autoridades ambientais na tarde desta quinta-feira (29), quando dois botos ficaram encalhados em um banco de areia no Lago de Luiz Alves, localizado no distrito de mesmo nome, no município de São Miguel do Araguaia, norte de Goiás. A rápida ação dos pescadores locais foi crucial para o resgate dos animais, que foram levados para uma parte mais profunda do lago.
Resgate e Ação Comunitária
Os botos, animais icônicos do Rio Araguaia, foram avistados encalhados no banco de areia por pescadores que navegavam pela região. Imediatamente, os pescadores agiram para salvá-los, utilizando suas embarcações para transportar os botos até uma área do lago com maior profundidade. Vídeos do resgate, compartilhados nas redes sociais, mostram o esforço coletivo dos moradores para garantir a sobrevivência dos animais.
Monitoramento e Translocação
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) tomou conhecimento do incidente e mobilizou uma equipe composta por um biólogo da Semad, uma pesquisadora e um veterinário do WWF Brasil. A equipe foi enviada ao local para monitorar as condições dos botos e do lago, especialmente a temperatura da água, que é crucial para a sobrevivência desses mamíferos aquáticos.
De acordo com a Semad, caso necessário, os especialistas realizarão a translocação dos botos para a calha principal do Rio Araguaia, onde a profundidade é mais adequada para a espécie. Essa medida pode ser essencial, uma vez que o Lago de Luiz Alves tem sofrido com o assoreamento, o que pode ter contribuído para o encalhe dos animais.
Causas do Assoreamento
Moradores locais apontam que a situação crítica do lago é agravada pelo uso de bombas de irrigação que retiram grandes volumes de água para projetos agrícolas no município. Esse uso intensivo de recursos hídricos, associado à seca severa que atinge a região, tem reduzido drasticamente o nível do lago, levando à formação de bancos de areia e ao encalhe de animais como os botos.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMMARH) de São Miguel do Araguaia reconheceu o problema e informou que já havia organizado um projeto de licenciamento para o desassoreamento do lago. No entanto, por se tratar de uma Área de Proteção Ambiental (APA), a questão foi encaminhada para organismos federais, como o Ibama, que têm a competência para tratar do uso das bombas de irrigação e do manejo do lago.
Impacto Ambiental e Ações Futuras
O incidente com os botos destaca a fragilidade do ecossistema local e a necessidade urgente de medidas para preservar o Lago de Luiz Alves. O assoreamento não só afeta a fauna aquática, mas também compromete o acesso de barqueiros e pescadores ao Rio Araguaia, uma via essencial para a economia e o sustento de muitas famílias na região.
A Semad e o WWF Brasil continuam monitorando a situação e estão em contato com outras entidades ambientais para coordenar ações que possam mitigar os impactos no lago e garantir a proteção dos botos e de outras espécies que habitam a área. A mobilização da comunidade local também será crucial para a implementação de soluções que promovam a sustentabilidade e a preservação do ambiente.
Fontes: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad)