Pais são presos por tortura de filha de 4 anos em Goiânia: vídeos revelam agressões brutais e omissão paterna

Mãe filmava atos de violência contra a criança e enviava ao pai, que, ciente dos abusos, não tomou providência.

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia – 1ª Delegacia Regional de Polícia (DRP) – deflagrou uma operação na manhã desta segunda-feira (19) que resultou na prisão preventiva de um casal, pais de uma criança de apenas quatro anos, acusados de tortura sistemática. A investigação, desencadeada por uma denúncia que envolvia vídeos estarrecedores de agressões brutais cometidas pela mãe contra o filho, revelou um cenário de crueldade alarmante e uma perturbadora omissão por parte do pai.

As evidências que levaram à prisão do casal são chocantes e detalham um padrão de violência física e psicológica infligida à criança ao longo de pelo menos um ano e meio. A investigação preliminar da DPCA apurou que o pai da vítima, fruto de um relacionamento extraconjugal, recebia os vídeos das agressões diretamente da mãe da criança, sua amante. A motivação por trás do envio das imagens, segundo a polícia, era chantagem afetiva, uma forma perversa de manipular o genitor.

Apesar da natureza explícita e da gravidade das cenas que chegavam ao seu conhecimento, o pai optou por manter-se inerte, falhando em comunicar as autoridades competentes ou em tomar qualquer providência para proteger a integridade física e emocional do próprio filho. Essa omissão, diante da brutalidade documentada, o tornou igualmente responsável pela tortura da criança, conforme o entendimento da Polícia Civil.

Os vídeos analisados pelos investigadores da DPCA pintam um quadro de terror doméstico:

• Ameaças com faca: Imagens mostram a mãe direcionando uma faca em direção à criança, acompanhada de linguagem agressiva e intimidatória.
• Esganamento até o desmaio: Em cenas de extrema violência, a criança é esganada pela mãe até perder a consciência, com claros sinais de sofrimento físico e angústia.
• Agressões físicas: As agressões incluem puxões de cabelo violentos, tapas no rosto e em outras partes do corpo, além do uso de objetos domésticos, como panelas, para golpear a criança.
• Abuso verbal desumanizador: A criança era alvo constante de xingamentos humilhantes e desumanos, com palavras que visavam minar sua autoestima e causar sofrimento psicológico.
• Simulação de enforcamento: Um dos vídeos mais perturbadores mostra a criança sendo colocada em uma estrutura que simulava uma forca, enquanto ela implorava por socorro, vivenciando um simulacro de execução.

A cronologia dos vídeos revela a extensão da tortura. O registro mais antigo data de outubro de 2023, quando a vítima tinha apenas três anos de idade, indicando que os maus-tratos se perpetuavam há pelo menos dezoito meses. O vídeo mais recente foi gravado há poucas semanas, demonstrando a continuidade da violência até a intervenção policial.

Graças à ação da DPCA, a criança foi finalmente afastada do ambiente de violência e está agora sob os cuidados de um familiar responsável, que assumiu formalmente o compromisso de garantir sua segurança, bem-estar e o acesso ao acompanhamento multidisciplinar necessário para lidar com o trauma sofrido. No entanto, a cicatriz emocional de mais de um ano de terror doméstico exigirá um longo e delicado processo de recuperação.

A prisão preventiva dos pais representa um passo crucial na busca por justiça para a criança e um sinal de que a Polícia Civil de Goiás não tolerará a violência contra os mais vulneráveis. A investigação prosseguirá para apurar a totalidade dos crimes cometidos e garantir a responsabilização dos agressores, enquanto a sociedade goianiense se volta para a necessidade urgente de fortalecer os mecanismos de proteção à infância e adolescência.

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