Paciente em surto é morto pela PM após manter enfermeira refém em hospital de Morrinhos
Caso desperta debate sobre protocolos de segurança e atendimento a pacientes em crise.
Na noite de sábado, 18 de janeiro, um desfecho trágico abalou o Hospital Municipal de Morrinhos, no sul de Goiás. Luiz Cláudio Dias, de 49 anos, que estava internado para tratamento renal, sofreu um surto psicótico e manteve uma enfermeira como refém na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A Polícia Militar foi acionada, mas a tentativa de negociação fracassou, levando à neutralização do paciente com um disparo de arma de fogo. Apesar do socorro imediato, Luiz Cláudio não resistiu aos ferimentos e faleceu.
O incidente
Vídeos gravados dentro do hospital mostram Luiz Cláudio segurando um pedaço de vidro, que utilizou para ameaçar a enfermeira. De acordo com a Polícia Militar, os protocolos de negociação foram acionados, mas a situação tornou-se crítica devido ao risco iminente à vida da profissional. Em nota, a PM explicou que o uso da força letal foi considerado a única alternativa para preservar a vida da refém.
O prefeito de Morrinhos, Maycllyn Max Carreiro, confirmou que Luiz Cláudio era oriundo de outro município e havia sido transferido para tratamento renal na cidade há três dias. Ele destacou que surtos psicóticos, embora raros, podem ocorrer em pacientes hospitalizados. “Foi um episódio atípico e lamentável. A enfermeira estava sob grave ameaça, e os policiais tomaram a decisão diante da gravidade do cenário. É uma tragédia para todos os envolvidos”, afirmou.
Repercussão familiar e comunitária
O caso gerou comoção e revolta nas redes sociais. Luiz Henrique Dias, filho do paciente, expressou sua dor em uma publicação, classificando o desfecho como negligente. “Mataram o amor da minha vida. Meu pai não era criminoso, era um paciente. Isso não pode ser ignorado. Vamos lutar por justiça”, declarou. O velório de Luiz Cláudio ocorre na Sala Municipal de Velório de Professor Jamil, com enterro previsto para a noite de domingo.
Consequências e investigações
A Polícia Militar informou que um procedimento administrativo será aberto para apurar as circunstâncias do caso. Já a Prefeitura de Morrinhos emitiu nota lamentando o ocorrido e afirmou que oferecerá suporte psicológico e social tanto à família enlutada quanto à equipe hospitalar envolvida.
A enfermeira refém, que não sofreu ferimentos físicos, recebeu atendimento psicológico e encontra-se abalada, mas estável, segundo o prefeito.
Debate sobre segurança e saúde mental
O incidente reacendeu discussões sobre a preparação das unidades de saúde para lidar com situações de crise envolvendo pacientes em surto. Especialistas em segurança hospitalar defendem que protocolos de contenção devem ser aprimorados para evitar desfechos fatais. Além disso, a falta de profissionais especializados no manejo de crises psiquiátricas em hospitais gerais foi apontada como um problema crítico.
“É necessário investimento em treinamento e em equipes multidisciplinares, que incluam psiquiatras e profissionais de segurança capacitados. Assim, casos como esse podem ser desarmados sem a necessidade do uso de força letal”, afirmou Maria Helena Guedes, consultora em segurança hospitalar.
O caso segue sob investigação, mas já deixa um alerta urgente sobre a necessidade de melhores protocolos e atenção à saúde mental em ambientes hospitalares.
Nota da Prefeitura de Morrinhos na íntegra
“A Prefeitura de Morrinhos lamenta profundamente o ocorrido na noite do último sábado, 18 de janeiro, quando um paciente em surto psicótico fez uma enfermeira refém na UTI onde estava hospitalizado há três dias.
Em virtude da gravidade da situação e do iminente risco à vida da profissional, a Polícia Militar foi acionada para conduzir as negociações com o paciente.
Diante da infrutífera negociação, a Polícia Militar realizou um disparo que ocasionou no óbito do paciente.
Informamos que a gestão da UTI onde o fato aconteceu é de responsabilidade de uma empresa terceirizada, com contrato vigente até março de 2025.
A atual gestão reafirma seu compromisso com a transparência, mantém-se à disposição para esclarecer os fatos e lamenta profundamente a morte do paciente.
Solidarizamo-nos com a família enlutada e asseguramos que será oferecido acompanhamento psicológico e social tanto aos familiares quanto à enfermeira e demais envolvidos na situação.”
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